17 abr, 2025 • André Rodrigues
O comentador da Renascença João Duque considera que os Estados Unidos da América (EUA) têm o direito de questionar as universidades portuguesas com o programa de divulgação da cultura americana, o “American Corner”, como fizeram na semana passada, levando os reitores a chamar ao questionário “obtuso” e o ministro da Educação a dizer que, se não tivesse visto o questionário, não acreditava.
No seu espaço habitual de comentário n'As Três da Manhã, o economista aponta que, apesar de “quem financia ter direito a fazer as perguntas que quer”, pode “não ter as respostas que esperava”.
“Eu também não estaria à espera, e fiquei muito surpreendido pela origem, pelo país que origina o questionário”, admite João Duque, sublinhando que “os Estados Unidos para nós são fundados nos princípios de liberdade e de individual, e de associação”.
O comentador Renascença indica que “isto é quase que uma obrigação a uma submissão a um tipo de orientação política muito forte”, e que, apesar de ser “de esperar” da administração Trump, “não estaríamos à espera provavelmente há três, quatro meses”.
“Naturalmente que nós também fazemos questionários a quem compramos coisas se, por exemplo, cumprem determinados princípios de chamado fair trade, que é a transação entre dois países ou empresas que respeitam determinados princípios”, aponta João Duque, alertando que “não é o que está aqui em causa, mas nós podemos fazer esse esse tipo de perguntas” e “podemos também não ter as respostas”.
O professor universitário realça ainda que “neste momento está em cima da mesa uma pressão enorme sobre as escolas, devo dizer sobre as escolas de gestão em particular, há imensa pressão para se mudar”, já que “a política sabe que as escolas são fontes de educação do futuro e do atual”.
O questionário da administração norte-americana a várias universidades portuguesas foi conhecido na passada quinta-feira, quando foi noticiado o cancelamento do programa “American Corner” no Instituto Superior Técnico (IST).
Os reitores consideraram rapidamente as perguntas enviadas pela Embaixada dos Estados Unidos “intoleráveis”, com Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, a juntar-se às críticas esta segunda-feira.
O questionário, conhecido entretanto, procura saber se as universidades fazem “verificações regulares de contraterrorismo”, se houve financiamento da China, Rússia, Cuba ou Irão, se levam a cabo projetos de diversidade, equidade e inclusão (DEI) ou se adotam medidas para combater a ideologia de género.