21 fev, 2025 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo
No dia em que Pinto da Costa foi a enterrar, Lisboa tremeu. A página fake do Comércio do Porto, produzida em cima da última edição do velhinho “Comércio”, publicada em 20 de Julho de 2005, foi partilhada a uma velocidade extraordinária. A brincadeira puxava uma foto de Pinto da Costa para a capa, nos 20 anos da sua presidência. “No dia em que eu for enterrado, o Porto irá chorar, mas Lisboa irá sentir o abalo, ou eu não me chamo Jorge Nuno Pinto da Costa”. A concomitância dos dois acontecimentos – o funeral do ex-chefe portista e o abalo sísmico no Seixal – tornava a mentira verosímil. Que foi desmentida com a mesma velocidade com que apareceu.
Estamos a ganhar desconfiança em relação à informação veiculada pelas redes? Esperemos.
O desaparecimento do ex-presidente azul e branco fez capa em todos os jornais nacionais, no L’Équipe e na Marca (16). Rádios e televisões dedicaram largos espaço à morte e cerimónias fúnebres. No caso das televisões, onde vai uma, vão todas. Com o exagero habitual, designadamente na cobertura das cerimónias das Antas, com largo tempo de exposição da Igreja cercada pelos super dragões, com tarjas e fogo de artifício. Sporting e Benfica mantiveram um absoluto silêncio em relação ao desaparecimento de Pinto da Costa. São públicas as declarações contundentes de Varandas sobre o antigo presidente do FCP e as palavras pouco amistosas, para dizer o mínimo, que Jorge Nuno dirigiu a Rui Costa. Mas as instituições devem estar acima das pessoas. À Instituição FCP era devida a apresentação formal de condolências. Fica uma frase de Pinto da Costa, na sua última entrevista: “Hoje sou mais tolerante com a estupidez…porque há mais”.
“Os Media têm que se unir mais” e “perceber onde está verdadeiramente a sua concorrência”. A convicção é de José Luís Ramos Pinheiro, administrador da Renascença, partilhada ao M+, do ECO. O futuro dos Media portugueses passa pela união de esforços. E desafia os players a criarem um agregador de conteúdos próprios e de particulares. E explica: “se não queremos acabar numa espécie de pensamento bacteriologicamente puro, que seja relativamente igualizado em todo o mundo, com uma agenda que também ninguém domina, que tal como o algoritmo é pouco transparente, para não dizer que é muitíssimo opaca, então temos que pensar hoje. E hoje já não é cedo, para pensarmos como é que podemos criar alternativas”.
O New York Times começou a utilizar IA para apoiar os jornalistas no seu trabalho de pesquisa, recolha de matérias de suporte e edição de texto. Será certamente de grande utilidade e acelerará ainda mais o processo. O problema coloca-se no fim do fluxo de produção da informação. Não é o jornalista quem edita?
A SIC está a testar um novo alinhamento de emissão, com redução do tempo de duração dos “écrans publicitários”. Já o havia feito nos Globos, também no programa “Isto é gozar…”, agora no Jornal da Noite, com clara vantagem para telespectadores e marcas. Aparentemente os resultados de audiência têm tendência a confirmar esta percepção.
Maria Regina Rocha insurge-se, no Público (17), contra a utilização de títulos em inglês na programação da RTP. E da CNN Portugal. Há até um canal de televisão que tem um nome estrangeiro. A professora socorre-se das obrigações de serviço da televisão pública, consagradas no contrato de concessão: o uso de vocábulos portugueses; a tradução de todos os títulos de programas; o compromisso com o desenvolvimento lexical das pessoas em geral e dos jovens e das crianças em particular. Conclui: “cabe à RTP contribuir para os portugueses solidificarem um melhor conhecimento do idioma nacional, se apercebam da sua riqueza, enfim, gostem mesmo da sua língua!” Essa missão cabe só à RTP?
A mulher e os filhos de Montenegro são proprietários de uma imobiliária. O primeiro-ministro saiu da empresa quando chegou à presidência do PSD. Não a criou agora por causa da Lei dos Solos. Ventura diz que Montenegro “é um magnata do imobiliário” e que se trata de um caso de “suspeita de absoluta corrupção”. Depois das ameaças, o Chega avançou com uma moção de censura ao Governo.
David Pontes, no Público (18): “…que interessa se não há a mínima evidência de ilegalidade ou sequer de comportamento menos correto?” A verdade é que Montenegro, como jurista, poderia ter evitado que a empresa que criou antes de ser presidente do PSD viesse a transformar-se num caso, deixando crescer a polémica. Agora está metido num grande embrulho. Em declarações à SICN, António Lobo Xavier inquieta-se: “devia pedir desculpa e eliminar completamente as relações com essa empresa”.
Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, qual o futuro da Europa. Sem o aliado norte-americano, que estratégia deve seguir?
O Contrato de Concessão da RTP é assinado na primeira semana de março (7). Os críticos da redução progressiva da publicidade na televisão pública, vêm agora dizer que estão de acordo com a proposta do Governo, se houver uma compensação. Porque é que não disseram antes?
No concurso para a centralização dos direitos da Liga portuguesa de futebol, a BTV vai poder participar?
Um restaurante da moda em Lisboa, abriu várias garrafas de Petrus para servir a copo. Diz-se que foram 60 os provadores, a 820€ o copo. Há ricos em Portugal? Desenganem-se. Petrus a copo? Nós não temos ricos, temos pobres esbanjadores.