14 fev, 2025
O deputado e dirigente do PS, João Torres, lamenta que a remodelação do Governo não tenha ido mais longe. "Peca por tardia e reduzida", afirma o ex-secretário-geral adjunto do PS.
Durante o programa São Bento à Sexta, da Renascença, João Torres aponta para áreas como a Saúde ou Administração Interna, onde considera que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, poderia ter aproveitado para fazer alterações.
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"Esta remodelação só peca por ser tardia e reduzida", critica o deputado socialista. Questionado se estava à espera que o primeiro-ministro substituísse a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, João Torres não responde diretamente: "Acho que há ministros no Governo que estão a prazo, há membros que demonstraram incompetência grosseira na gestão de dossiers políticos. Isto só responsabiliza mais o primeiro-ministro.
No entanto, o dirigente socialista - que foi ele próprio secretário de Estado em dois Governos de António Costa - considera que remodelações são "naturais" e critica a postura do PSD, por ter sido tão crítico quando estava na oposição.
Por sua vez, o PSD, pela voz de Alexandre Poço, vice-presidente do partido, prefere lembrar as saídas do Governo durante a maioria absoluta de António Costa, e acusa os socialistas de quererem "ver o caos" e classifica as mudanças como um "ajustamento muito sensato" por parte do executivo de Luís Montenegro.
"O PS, como da última vez que foi Governo, deu um espetáculo ao país com saídas quase numa base mensal, provavelmente gostaria de ver um contraponto na AD que fosse o caos, não é aquilo que está acontecer", ironiza o dirigente social-democrata.
Outro dos temas em debate no São Bento à Sexta foi o veto presidencial à desagregação das freguesias, que tinha sido aprovada pela maior parte dos partidos com exceção da Iniciativa Liberal. Durante a semana, o PS assumiu que quer confirmar a lei, rejeita que o processo tenha sido apressado e lembra que o tema interessava à população que encheu as galerias do Parlamento no momento em que o diploma foi votado.
"Acabou por defraudar as expectativas dessas pessoas", introduz João Torres, que acrescenta que não foi possível desenrolar o processo há um ano porque o país estava em campanha para as legislativas.
O PSD mantém-se em silêncio, e não revela se pondera deixar a desagregação das freguesias para depois das eleições autárquicas deste ano - uma hipótese defendida pelo presidente da República.
"Não nos estamos a sentir minimamente condicionados ou pressionados, não vemos os temas na base da resposta no dia a seguir ou ir refletida, estamos a analisar", responde Alexandre Poço.
O vice-presidente do PSD rejeita que o partido esteja a deixar passar demasiado tempo e a encavalitar os prazos.
Destaque neste programa para os mais recentes episódios que marcaram a semana no Parlamento, onde um membro da bancada do Chega afirmou que Ana Sofia Antunes, uma deputada cega do Partido Socialista, só intervém na Assembleia da República quando se trata de temas relacionados com a deficiência.
João Torres, vice-presidente da bancada do PS, lamenta o sucedido e pede que o Parlamento tome ações concretas para evitar que continuem a acontecer.
"Apesar das declarações em 'on' terem sido já por si graves, os apartes são absolutamente inaceitáveis. Já não é a primeira vez roçam o insulto mais insolente. Assembleia da República não pode ficar a assistir a esta situação de forma impávida e serena", alerta o dirigente socialista.
Já o PSD mostra-se aberto a discutir propostas e considera que se tratou de uma "situação de vergonha, baixeza".
Alexandre Poço, vice-presidente do partido, dá o exemplo do que já viu acontecer no Parlamento britânico, quando um deputado ofendeu o primeiro-ministro.
"O speaker, o equivalente ao nosso Presidente da Assembleia da República, pediu a esse deputado que retirasse o que disse, o deputado disse que não retirava, e eu penso que naquele caso foi admoestado e não pôde continuar a assistir aos trabalhos naquele dia", sublinha o dirigente social-democrata.