07 mar, 2025 • Tomás Anjinho Chagas
O PS acredita que a moção de confiança ao Governo, que vai ser votada na próxima terça-feira, é um sinal de "irresponsabilidade" e "total falta de sentido de Estado" por parte do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Durante o programa São Bento à Sexta, da Renascença, António Mendonça Mendes, deputado e dirigente socialista, descreve esta iniciativa do Governo como um "pequeno jogo político-partidário" que vai empurrar o país para eleições antecipadas.
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"A moção de confiança não é mais do que aquilo que o doutor Luís Montenegro é: fazer o pequeno jogo político-partidário. Isso pode funcionar nas disputas internas do PSD de Espinho, com o devido respeito, e pode funcionar no aparelho partidário. Mas de um primeiro-ministro exige-se bastante mais. E é isso, sinceramente, que eu lamento", atira o vice-presidente da bancada do PS.
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Mendonça Mendes, que foi secretário de Estado nos governos de António Costa, considera que a moção de confiança só serve para "apoucar" os socialistas, e recorda que Pedro Nuno Santos sempre avisou que o PS nunca viabilizaria uma moção de confiança apresentada pelo Governo.
"Aquilo que o primeiro-ministro está a dizer aos portugueses é que vai atirar o país para eleições. E isso é de uma irresponsabilidade a toda a prova (...), tem uma atitude de total falta de sentido de Estado", resume assim o dirigente do PS.
Apesar da insistência, António Mendonça Mendes nunca clarificou se o PS vai avançar com uma comissão parlamentar de inquérito ao caso que envolve o primeiro-ministro, mesmo depois das prováveis eleições antecipadas.
Em debate com Mendonça Mendes esteve Alexandre Poço, vice-presidente do PSD. O social-democrata admite que os socialistas deixaram a AD governar durante quase um ano, e aproveita para provocar, ao desafiar o PS a manter-se no mesmo registo.
"Têm garantido ao Governo a estabilidade, ao viabilizar o Orçamento do Estado, chumbaram moções de censura, duas nas últimas duas semanas. Então têm um remédio simples: se não querem eleições, deixem-nos trabalhar, deixem-nos continuar a governar", pede Alexandre Poço.
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O vice-presidente do PSD considera que os socialistas "não podem lançar lama para cima do primeiro-ministro" e, ao mesmo tempo, contestar que o Governo apresente uma moção de confiança para uma "clarificação das águas".
Quanto à Comissão Parlamentar de Inquérito que o PS propõe, Alexandre Poço critica e afirma que os socialistas também deviam propor que o Parlamento investigue o caso que fez cair o Governo de António Costa.
"O Partido Socialista nunca fez uma comissão de inquérito ao que é que se passou nos anos de governação de José Sócrates, nem ao facto de se ter encontrado dinheiro vivo na na residência de um primeiro-ministro", provoca o dirigente do PSD.
Alexandre Poço considera que Luís Montenegro "esteve em exclusividade", "não cometeu nenhum ato ilícito", "não agiu em conflito de interesses" e declarou o que tinha de declarar. Por esses motivos, a somar ao que considera ser os "bons indicadores económicos", o vice-presidente do PSD acredita que as novas eleições (provavelmente em maio) podem culminar no crescimento da AD.
"Estou muito confiante que sim, tudo faremos para que o PSD aumente a sua base eleitoral, tenha mais votos e mais mandatos", afirma Alexandre Poço, que não esclarece se os social-democratas vão ousar pedir maioria absoluta durante a campanha eleitoral.