10 mar, 2025 - 17:26 • Inês Braga Sampaio
Bruno Lage quer impor a primeira derrota ao Barcelona em 2025 e avançar para os quartos de final da Liga dos Campeões, o que "seria um prestígio enorme" para o Benfica.
"O Barcelona é uma grande equipa, cheia de jogadores de enorme qualidade, em particular os três homens da frente. Um treinador que está a fazer um trabalho incrível, já tem experiência de ter vencido a Liga dos Campeões. O Barcelona é a única equipa na Europa que ainda não perdeu em 2025 e nós temos esse desafio", vinca o treinador do Benfica, esta segunda-feira, em conferência de imprensa de antevisão da partida da segunda mão dos oitavos de final.
O Benfica jogou 70 minutos em superioridade numérica, mas perdeu a partida da primeira mão, por 1-0, na Luz. Agora, com Florentino Luís em dúvida, Ángel Di María lesionado e Samuel Dahl no lugar do castigado Álvaro Carreras, Lage espera que a sua equipa aplique no Camp Nou "tudo o que fez de bom" e converta as oportunidades criadas em golos: "Seria um prestígio enorme seguir em frente."
O Benfica defronta o Barcelona na terça-feira, a partir das 17h45, em Espanha. Encontro com relato e acompanhamento ao minuto na rádio, na app e no site da Renascença.
Espera alguma surpresa do Barcelona?
Esperamos uma abordagem semelhante aos dois jogos que realizámos. Verificámos algumas nuances de um jogo para o outro, mas acima de tudo uma equipa que gosta de ter bola, gosta de ter jogo pelos médios, colocar os seus avançados em várias situações de um contra um, quer entre linhas, quer na profundidade. Uma equipa que gosta de pressionar alto. O mais importante é sentirmo-nos confiantes. Pelo que fizemos nos outros dois jogos e pelas oportunidades que criámos, sentimos que amanhã temos um jogo que é decisivo, mas temos de ter a coragem e a ambição de jogar o nosso jogo, criar as nossas oportunidades e marcar os nossos golos, para seguir em frente na prova, que é o nosso objetivo. Seria um prestígio enorme seguirmos em frente.
Chave da reviravolta em Camp Nou
O Barcelona é uma grande equipa, cheia de jogadores de enorme qualidade, em particular os três homens da frente. Um treinador que está a fazer um trabalho incrível, já tem experiência de ter vencido a Liga dos Campeões. O Barcelona é a única equipa na Europa que ainda não perdeu em 2025 e nós temos esse desafio. Temos de sentir a confiança de que quando jogámos com o Barcelona ficámos com a sensação de que poderíamos ter tido resultados diferentes. É aplicar tudo o que fizemos de bom, perceber como dar continuidade aos dois bons jogos que fizemos com o Barcelona.
O que falta para marcar mais golos
Não acredito que esteja a faltar nada. O que fizemos nos últimos jogos tem sido muito bom. É um facto que podíamos ter marcado mais golos, em função das oportunidades que criámos, mas também temos de analisar que nesses jogos proporcionámos grandes noites ou grandes tardes aos guarda-redes adversários. É olhar pelo lado positivo: sentirmos que quanto mais oportunidades criarmos, mais oportunidades termos de marcar golos.
Raphinha
É um jogador que tem feito um percurso muito interessante, já o conhecia de quando jogou no Sporting. Tive oportunidade de jogar contra ele quando esteve no Leeds, teve uma evolução fantástica e está a fazer um trabalho muito bom no Barcelona. [Pode ganhar a Bola de Ouro?] Quem sabe.
Lamine Yamal
A nossa forma de ver o jogo não é estarmos preocupados com um só jogador. É um jogador muito bom, em função da idade e do talento que tem, mas do outro lado está Raphinha, cuja candidatura à Bola de Ouro foi relançada, e depois têm um ponta de lança que tem sido um dos melhores do mundo ao longo dos anos. São três homens muito fortes, que combinam muito bem. Vamos muitas vezes o Lewandowski a baixar e a ter combinações com o Yamal de uma maneira, com o Raphinha de outra. Têm os três uma dinâmica muito interessante. Se lhes dermos muito espaço nas costas, são muito fortes a atacar a profundidade. Se lhes dermos muito espaço nos corredores, são muito bons no um contra um, vir dentro e tentar rematar à baliza. São muito bons nas combinações, em particular quando os médios os encontram entre linhas. São muito bons, mas nós também temos jogadores de enorme qualidade, mas o mais importante, independentemente de cada jogador, é olhar para o jogo de forma coletiva. Saber defender quando temos de defender, temos de ter também iniciativa a defender e, depois, quando tivermos a bola, temos de saber procurar os espaços menos favoráveis ao Barcelona e mais favoráveis a nós, para criarmos as nossas oportunidades de golo e marcarmos.
Samuel Dahl no lugar do castigado Carreras
Preparamos todos os jogos da mesma maneira. O Samuel é um jovem jogador, com enorme talento, teve uma adaptação muito boa quer ao clube, quer à nossa forma de jogar. Temos utilizado de várias formas, o que também é bom, para o nosso jogo e para termos sempre um posicionamento diferente. Está enquadrado com a equipa, com os colegas, com a forma de jogar, preparou-se normalmente e amanhã vai jogar.
Ansiedade de vencer pode ser obstáculo?
Não acredito. Pela experiência que a equipa tem, não acredito. Curiosamente, a equipa nos dois jogos com o Barcelona entrou sempre muito bem. No primeiro jogo, ao terceiro ou quarto minuto já estávamos a vencer por 1-0 e no segundo aos 20 e poucos segundos já tínhamos feito um remate à baliza. Por isso, não é por aí. Sinto a equipa tranquila e muito confiante.
Presença de Pedri faz mudar dinâmicas no meio-campo?
Não nos faz mudar, faz-nos é preparar bem os nossos médios, que também são muito inteligentes, para perceberem como é que o Barcelona constrói o jogo a partir de trás e as várias formas que tem de construir o jogo. Muitas vezes com os dois centrais, muitas vezes com um dos laterais baixos, em particular o direito, muitas vezes com um médio entre os centrais. Perceber a dinâmica dos médios. Mas eles são realmente muito bons a trocar bola, têm o "tempo" [ritmo], são calmos, são tranquilos. O adversário quase que chega e a bola já está a circular noutro espaço. Falámos muito que nos dois jogos tivemos muitas oportunidades de golo, dos três avançados do Barcelona, do guarda-redes do Barcelona, mas realmente, quer num jogo, quer no outro, o combate estratégico dos médios foi muito interessante. Fizemos uma excelente partida quando jogaram Tino [Florentino], Kökçü e Fredrik [Aursnes], e também no segundo jogo, com o Fredrik, o Kökçü e o Barreiro. A estratégia do meio-campo foi muito interessante de ver e de analisar.
Ausência de Pau Cubarsí
Nós gostamos muito e preparamos sempre muito a nossa estratégia em função dos centrais e do pé dominante. Qual é o pé dominante do central que joga à direita, do central que joga à esquerda? Quais os laterais, quais as linhas de passe mais utilizadas? Depois definimos a nossa pressão ou o segundo momento de pressão. Estamos preparados para esse desafio.
Morte do médico do Barcelona
Repito o quanto lamento a morte do doutor do Barcelona. Não sei como vão reagir. É sempre um momento difícil. Acredito que queiram oferecer e dedicar uma vitória a uma pessoa tão próxima deles, mas nós também temos coisas muito importantes para nós, enquanto equipa. Temos um jogador de 37 anos que ficou em casa e não está cá devido a lesão, estou a falar do Di María, que ainda tem um recorde para bater na Liga dos Campeões. Pelo clube, seguir em frente na prova dá realmente muito prestígio, quer desportivo, quer financeiro. Nós também temos as nossas razões que nos levam a estar motivados para o jogo.
Florentino Luís
Vai treinar a seguir e só amanhã de manhã é que vamos tomar a decisão final.
Defesa adiantada do Barcelona
Por vezes, observamos e vemos um espaço enorme entre a linha defensiva e a baliza. Mas no meio, entre a linha defensiva e a baliza, está o guarda-redes, que também tem uma colocação muito boa e controla muito bem esse espaço. Há que saber utilizar esse espaço e acho que fazemos isso muito bem.