24 mar, 2025 - 12:45 • Pedro Castro Alves
Jorge Cadete, antigo internacional português e avançado do Sporting, saúda a aposta tardia, mas acertada, de Roberto Martinez em Francisco Trincão, que entrou para bisar frente à Dinamarca nos quartos de final da Liga das Nações.
“Finalmente, o nosso selecionador apostou um bocadinho mais e o Trincão mostrou a sua qualidade, que não é de hoje, mas que tem vindo a crescer em termos de maturidade como jogador e que merece essa oportunidade. É, sem dúvida, uma motivação extra [para Trincão]”, garante, nesta entrevista a Bola Branca.
Os dois primeiros golos de Trincão por Portugal fazem recordar o próprio Cadete, que em 1993 se estreou a marcar pela seleção com um bis frente à Escócia.
Para o antigo avançado, o jogo que ditou o apuramento para as meias-finais da Liga das Nações teve, ainda assim, um gosto agridoce: Trincão brilhou, mas Quenda voltou a não sair do banco.
“Não se compreende muito bem o porquê do Quenda ainda não ter jogado uns minutos pela seleção. Praticamente todos os jogadores têm jogado em jogos alternados, o Quenda é o único que ainda não teve a sua estreia. Acaba por criar uma certa desilusão no próprio jogador. Tão novo, ter tanta qualidade, ser chamado à seleção, mas depois não sair do banco… Por vezes é difícil conseguir gerir isso”, avisa o antigo internacional português.
Nestas declarações à Renascença, Cadete demonstra preocupação quanto às exibições de Portugal nos dois jogos frente à Dinamarca, que revelaram uma seleção “pouco objetiva” e a fazer lembrar a Bélgica de Martinez.
“As exibições têm sido dentro da mesma linha da seleção belga que o Roberto Martinez treinou. É tocar muita bola para o lado, para trás, para a frente, para o lado outra vez, mas não se vê ter um objetivo ou uma diretriz de criar mais perigo e profundidade. Temos jogadores que têm velocidade, centralizamos muito o jogo. Por isso, às vezes, apanhamos equipas que são mais rápidas e que nos criam grandes problemas. Temos pouca objetividade”, sublinha.
Após a vitória sobre a Dinamarca, Roberto Martinez normalizou o “sofrimento” de Portugal para garantir o apuramento, afirmando que o “futebol é isso”. Jorge Cadete discorda.
“Não podemos criar a ideia de que, para se vencer, tem de se sofrer. Não. Para se vencer, tem de se jogar e assumir o jogo para ganhar. Não é por sofrer que, depois da vitória, a festa é maior. Não é preciso sofrer. É preciso fazer uma exibição de acordo com a qualidade dos jogadores e com a expectativa dos adeptos”, atira Cadete.
Ultrapassada a Dinamarca, Portugal apurou-se para a "final four" e vai defrontar a anfitriã Alemanha nas meias-finais, no dia 4 de junho.