31 mar, 2025 - 19:09 • Eduardo Soares da Silva
André Villas-Boas, presidente do FC Porto, lamenta a "paz podre" que vive o futebol português e descreve o conflito entre Fernando Gomes e Pedro Proença, antigo e atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol como uma "cena lamentável de conflitos de poder."
Em declarações à margem do jantar de aniversário da FPF, o dirigente portista marcou presença na zona mista para dizer que "o futebol português está gravemente doente".
"Andamos todos a enganar-nos há bastante tempo. Não bastam as recentes questões entre atual e ex-presidente FPF, mas também um desalinhamento entre os três grandes. Continuamos a adiar discussões sobre a centralização, o VAR e a tecnologia", começou por dizer.
Villas-Boas diz que o desentendimento entre os dois dirigentes é fruto de "um desalinhamento evidente que se vinha a sentir entre os dois."
"Vivemos há muitos anos nesta paz podre e continuamos a atrasar-nos na evolução. Cenas lamentáveis de conflitos de poder e que deveriam ser evitados em toda a linha. Para uma população tão pequena, criamos tanto talento, mas tardamos em sair desta zona de conflito em que ninguém sai valorizado."
O presidente dos portistas diz que "tentou renovar o ar do futebol português e sentar os três grandes à mesa para um alinhamento estratégico", mas que "tudo caminha num mau sentido".
"Estamos sob ameaça do futebol belga, se calhar em breve estamos mesmos destinados à Liga Conferência, que é o que merecemos", atira.
Questionado sobre como reagiria se tivesse recebido a carta que Fernando Gomes enviou uma carta às federações da UEFA a dizer que Pedro Proença seguiu "o caminho da destruição do legado” que tinha deixado na FPF, Villas-Boas afirma que a sua primeira reação seria "testar a veracidade da mesma, dado o conteúdo".
"Gosto muito de Fernando Gomes, tem um grande trabalho feito, especial e singular, e lamento que dois presidentes tão importantes estejam de costas voltadas. Há um Mundial à porta, é um passo atrás na dignidade, transparência e ética do futebol português. Temos de ocupar um lugar no comité executivo pelo que já atingimos no futebol português", acrescenta.
Villas-Boas voltou a sublinhar o seu apoio à candidatura de José Gomes Mendes, lamentando que alguns clubes estejam reféns de acordos com a lista de Reinaldo teixeira, o outro candidato.
"Não desrespeitando Reinaldo Teixeira, que tem anos de dirigismo, mas que a nível de competências, estrutura e planeamento parece-me existir uma diferença enorme e lamento que os clubes estejam agarrados a compromissos de palavra, não vendo reais competências dos candidatos e equipas. Estive em duas cimeiras de presidentes e discutiu-se zero do futebol português. Defendo as cores do Porto, mas não defender o futebol português parece-me conversa de recreio e uma patetice absoluta", conclui.