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Rui Pedro. “Reduzi 30% do meu salário”

01 mai, 2020 - 12:45 • Pedro Azevedo

Extremo português do Diósgyor da Hungria revela números dos cortes salariais. Valores são inferiores aos 70% decretados pelo Governo até ao fim do estado de emergência

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O Governo húngaro decretou redução máxima de 70% dos salários dos futebolistas para minimizar o impacto financeiro do novo coronavírus nos clubes. Rui Pedro, jogador que atua no Diósgyor, atual quinto classificado da Liga da Hungria, assume em Bola Branca os valores da redução do salário no seu clube. Valores inferiores à tabela máxima decretada pelo governo.

“Qualquer clube pode fazer a redução até 70% sem o consentimento dos jogadores. Mas no meu clube, o Diósgyor, o diploma decretado pelo governo não se aplica porque há um mês atrás assinamos um novo contrato em que aceitamos reduzir os vencimentos em 30% até Junho. Tenho ouvido que outros clubes aqui na Hungria têm reduzido entre 20 e 30%. Não me parece que algum clube na Hungria venha a praticar um valor tão elevado de redução do vencimento dos jogadores”, refere Rui Pedro.

O diploma publicado pelo Governo da Hungria contempla a retoma do pagamento dos vencimentos na totalidade após o estado de emergência que vigora no país. Há clubes que irão devolver os valores descontados aos jogadores. Não é o caso do Diósgyor de Rui Pedro. “No meu caso em concreto o desconto que acertamos com o clube não vai ser devolvido”, revela o jogador.

A Hungria é mais um exemplo do que tem acontecido em vários países, sendo que um dos testemunhos mais dramáticos chega da Roménia, onde David Caiado teve um corte de 95% no salário.

"Ficámos surpreendidos e tristes pela forma fria como o clube abordou esta situação. O Governo romeno permite que as empresas suspendam os contratos enquanto vigore o estado de emergência. Nesta fase, estamos a receber 400 euros do Estado. No meu caso, significou um corte salarial na ordem dos 95%. Aliado ao facto de estarmos sem receber desde dezembro, torna a situação um pouco complicada", revelou.

Clubes da Liga principal devem sobreviver à crise

Rui Pedro analisar de forma mais ampla o impacto do novo coronavírus no futebol húngaro e encontra mais problemas para o futuro nos emblemas de escalões secundários. Na Liga principal, o jogador português acredita que podem suportar a crise financeira provocada pela pandemia.

“O futebol não Hungria não vai ser muito afetado porque é muito estável financeiramente e tem muitos apoios dos patrocinadores, do governo e da Federação. É um campeonato sem salários muito elevados como noutros países e por essa razão não vai ser muito afetado, pelo menos na primeira liga. Na segunda, o caso pode diferente e fala-se de muitos problemas podendo alguns clubes abrir falência. Mas na primeira não deverá haver grandes problemas, dependendo também do campeonato ser ou não retomado”, considera.

Na Hungria, a decisão será tomada até 13 de junho. Se estiverem reunidas as condições sanitárias exigidas, o campeonato recomeça e são disputadas as oito jornadas que estão por realizar. Se a evolução da pandemia não permitir a retoma, o título de campeão é atribuido ao Ferencvaros, que lidera a classificação, não haverá descidas e na próxima época a liga é aumentada para 14 equipas. Mais duas do que atualmente, com a promoção dos dois primeiros da segunda divisão.

Hungria com poucos casos de Covid-19

Rui Pedro, de 31 anos, extremo direito do Diósgyor, está na Hungria desde 2017. Formado no FC Porto, o jogador que em Portugal representou emblemas como o Estrela, Portimonense, Gil Vicente, Leixões e Académica, está em confinamento na cidade de Miskolc, a cidade do Diósgyor, a 185 km de Budapeste.

“Estamos em confinamento desde o dia 15 de março. O último jogo foi no dia 14. As medidas tomadas pelo governo foram muito parecidas com as implementadas em Portugal. Fecharam-se as escolas, as fronteiras e o comércio. Só continuam abertos os espaços comerciais para venda dos bens essenciais. As medidas foram tomadas cedo e essa é a razão do sucesso da contenção do novo coronavírus. Não há muitos infetados na Bulgária.”, refere o jogador português.

A Hungria regista, a esta data, a cerca de 2.863 casos e 323 óbitos por Covid-19, de acordo com os dados da Unversidade Johns Hopkins.

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