03 mai, 2020 - 09:59 • Redação
A mudança de Luís Figo do Barcelona para o Real Madrid, que tanta tinta fez correr no verão de 2000, e que ainda hoje é falada, teve origem na necessidade do antigo internacional português de se sentir querido.
"Foi uma decisão importante e difícil de tomar, porque me fez mudar de uma cidade que tanto me deu e na qual me sentia muito bem. Mas, quando não sentes que és reconhecido por aquilo que estás a fazer e tens uma proposta de outro clube, então acabas por pensar nela", explicou Figo, em conversa, no Instagram, com o antigo colega Fabio Cannavaro.
A adaptação não foi fácil, devido à mudança estrutural no Real Madrid, no entanto, Figo guarda boas recordações de Madrid: "Os grandes clubes do mundo são semelhantes, a principal diferença são as pessoas que as dirigem. Eu vim para Madrid em plena mudança de presidência, com a eleição de Florentino Pérez, e não foi fácil, na fase inicial. Era tudo novo para mim, mas acabei por me adaptar bem, com a ajudar de todos."
Sobre o jogador, dos com que partilhou balneário, que mais o marcou, a escolha do antigo avançado, agora com 47 anos, é pelo eterno "7".
"Na minha carreira, joguei com grandíssimos jogadores, como Ronaldo, Zidane, Rivaldo, Stoichkov, Guardiola, Hierro e Verón. Mas o Raúl foi um vencedor e conquistou tantas coisas na carreira pela sua mentalidade. Sempre soube definir as jogadas movimentar-se no campo. As características do Ronaldo eram potência e velocidade, mas é difícil dizer quem era o melhor. Raúl tinha pouco de tudo e uma facilidade tremenda para marcar e fazer a diferença", recordou.
Apesar da carreira de sucesso, e de ter sido treinado por grandes figuras, como Cruyff, Mourinho, Scolari, Carlos Queiroz ou Del Bosque, há um treinador de que Luís Figo não guarda boas memórias: Roberto Mancini.
"No início, tive uma grande experiência no Inter, mas depois tudo correu mal com ele [Mancini]. Havia mau entendimento a nível humano. Ele é uma das pessoas que me humilharam, na minha carreira", contou.
Figo revelou a Cannavaro que "sofreu" no Inter, "não por ter jogado pouco", mas pela forma como Mancini o tratou.
"Eu tinha 34 anos, sabia aquilo que podia dar, mas há situações pelas quais não se devia passar. Não é normal alguém pôr-te a aquecer durante 85 minutos e, depois, fazer-te entrar no final do jogo, para ver se ofereces algo em três minutos. É preciso haver um pouco de respeito e cortesia. Tens de ser sempre profissional e aceitar, mas a relação [com o treinador] não é a mesma, depois disso", assumiu.
Luís Figo teve apenas quatro clubes na carreira: Sporting, em que foi formado, Barcelona e Real Madrid, em que esteve, em cada, cinco temporadas, e Inter de Milão, o clube em que terminou a carreira.
Agora, envolve-se nas questões administrativas do futebol e chegou a ser candidato à presidência da FIFA. Nesta conversa no Instagram, Cannavaro admitiu que via Figo como futuro presidente da UEFA.
O prognóstico de Figo é mais reservado: "De momento, sinto-me bem com o trabalho que faço, estou a aprender. O futuro logo se verá."