08 jun, 2024 - 19:00 • Redação
No dia 10 de março de 2008 nasceu, em Milão, um “fenómeno” que iria escrever história com a camisola do AC Milan, ao tornar-se no mais jovem de sempre a ter minutos no campeonato italiano.
Foi no dia 25 de novembro de 2023 que Francesco Camarda entrou em campo, com a farda popularizada por nomes como Gianni Rivera, Franco Baresi, Marco van Basten ou Paolo Maldini, e transformou-se no maior benjamim já visto por terras transalpinas. O capítulo histórico deu-se numa vitória do Milan, por 1-0, frente à Fiorentina.
Camarda tinha 15 anos e 260 dias, superando os 15 anos, nove meses e um dia de Wisdom Amey. Agora tem 16 anos.
O agora campeão europeu sub-17, o maior protagonista da final contra Portugal (bisou), começou a jogar futebol no Afforese, um clube do seu bairro. Desde jovem que se antecipava, qual Pippo Inzaghi. Já nessa altura jogava com os colegas mais velhos.
Em 2015, juntou-se à formação do Milan, o clube onde está desde então e onde estará a dias de assinar o primeiro contrato profissional.
Nesta temporada, ao serviço dos sub-19, foi um dos jogadores mais utilizados pelo técnico e antigo jogador do Milan Ignazio Abate. O ‘9’ foi opção em 40 jogos. Quanto a golos, foi o segundo mais eficaz da equipa, com 13 remates cheios de veneno.
No Europeu sub-17, o avançado italiano marcou quatro golos em cinco partidas. Por infelicidade portuguesa, dois deles contra Portugal na final, como já vimos. Ficou a um golo de Rodrigo Mora, o miúdo especial do FC Porto que foi premiado com a “bota de ouro” do europeu.
Perdida a corrida para ‘capocannoniere’, o jovem atacante do AC Milan foi assim eleito o melhor jogador da competição, tendo sido peça fundamental para a primeira conquista dos italianos nesta categoria, a que se juntam os atuais títulos europeus em sub-19, numa final também conquistada contra Portugal (2019), e nos mais velhos.
“É um fenómeno”, avalia Paolo Tomaselli, um jornalista do “Corriere della Sera”. Resumindo, estamos a falar de um ‘9’ “muito esperto e veloz”.
Para além de tenra idade, Camarda é um ótimo finalizador, sublinha Nuno Presume, comentador da Renascença, que também refere que o ‘bambino’ teve um ano de sonho. Quando puxa pela cabeça para pensar num avançado com quem Camarda tem algumas afinidades, salta-lhe da garganta um nome: “Christian Vieri”.
“Mas ele não se limita a ser um jogador que joga apenas na proximidade da baliza”, explica Presume. “Dá muita largura e profundidade, ataca muito bem os corredores laterais e as costas da linha defensiva.” Para além disto, a relação com a bola, com o pé mais fraco, é diferenciado, sugere o também treinador de futebol.
Nuno Presume fala ainda de uma “dimensão física apreciável”, o que permite ao avançado ganhar muitos duelos contra os adversários. Poderá, ainda assim, melhorar no seu jogo de cabeça. “Não é perfeito no meu entender”, atira Presume.
A Itália precisa de “referências que marquem a diferença”, sugere Presume, dando a entender que a Itália já não é a Itália de outros tempos. Francesco Camarda pode assim ser o “9” que a Itália tanto deseja.
Paolo Tomaselli explica que os adeptos do Milan não falam assim tanto de Camarda. Afinal, é ainda muito jovem.
“Não é fácil explicar, é preciso viver aqui para perceber”, confessa. “Nós amamos jovens atletas, mas tememos que eles façam um trajeto demasiado rápido até às equipas principais. Nós sabemos que o caminho é muito longo.”
Borussia Dortmund, Manchester City, Juventus, Inter e Roma são alguns dos clubes que sondaram o jovem atacante, refere a imprensa desportiva.
Apesar das tentativas e suspiros, Francesco Camarda, que nasceu em 2008, dois anos depois do último título mundial da Itália, deverá mesmo assinar um contrato com o AC Milan até 2027.
Depois da saída de Olivier Giroud, o Milan está no mercado à procura de um avançado. Francesco Camarda não será o substituto natural, claro, pelo menos por agora, garante Tomaselli. “Deve treinar com a equipa principal, mas deve jogar na equipa B ou nos sub-23”, esclarece.
Nuno Presume acredita que ter mais minutos na Serie A estará certamente na mente do jogador de 16 anos. Porém, o objetivo principal passa por se assumir no campeonato nos escalões inferiores.
Uma coisa é certa: este miúdo, natural de Milão, é um caso sério. Quem faz mais de 400 golos nas camadas jovens não está para brincadeiras. O seu ídolo pediu-o emprestado ao pai, ainda por cima trata-se de alguém que também passou por San Siro: Ronaldo ‘fenómeno’.