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Liga dos Campeões

A realeza foi à bola sofrer com o Aston Villa, dar um bigode a comentadores e amar um português

10 abr, 2025 - 12:20 • Hugo Tavares da Silva

O príncipe William, que nasceu a tempo de ver o Aston Villa campeão europeu em 1982, esteve em Paris com George para viver mais uma noite mágica da equipa de Unai Emery, "um cavalheiro absoluto" e "um tipo adorável".

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A realeza normalmente gasta o verbo para falar do povo, para o povo, das conquistas passadas, do que falta fazer como sociedade, da diplomacia, da guerra, das causas humanitárias, dos escândalos familiares, dos cavalos, dos filhos. Enfim, coisas de reis e príncipes.

Mas os tempos são outros, não é?, e de repente meio mundo anda a dizer que o príncipe William sabe umas coisas de futebol e que até, pasmem-se, é mais capaz do que muitos comentadores. O momento improvável e de magia deu-se nos corredores do Parque dos Príncipes, pois claro, a casa do PSG, a realeza do século XXI em França.

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Com Rio Ferdinand e Ally McCoist, da TNT Sports, ao lado, William aguardava ansiosamente pelo jogo entre parisienses e o seu Aston Villa. O príncipe já foi visto várias vezes no estádio a apoiar o clube do coração. Ele até nasceu um mês antes da final da Taça dos Campeões Europeus de1982, quando o Aston Villa bateu o Bayern Munique, com um golo de Peter Withe.

O sucessor ao trono britânico admitiu estar nervoso. “Aterrorizado” e “confiante”, acrescentou. Afinal, o Villa não estava nestas andanças precisamente desde 1982. Jogava-se ali, em Paris, a primeira mão dos quartos de final da Champions. O filho de Charles e Diana até levou a roupa da sorte.

“Todos vimos os jogos com o Liverpool, a intensidade do PSG. Foram incríveis na primeira mão. Pressionam muito à frente”, avaliou o futuro rei, lembrando o carrasco dos reds na Europa. “Temos de gerir essa pressão. Podemos bater a pressão? Imagino bolas longas. Será uma noite desafiante, se acertarmos no plano de jogo eles vão ter uma noite difícil…”

Rio Ferdinand, como um bom plebeu, ouviu aquelas palavras maravilhado, simulou a concorrência para a classe e admitiu que ia usar aquelas ideias quando estivesse no ar, para brilhar para os telespectadores. A bola voltou à realeza…

Sem Mbappé e as super estrelas de outrora a equipa está mais junta e harmoniosa, disse por outras palavras William. “Têm o Vitinha no meio-campo, que me tem impressionado muito. Esteve no Wolves há dois ou três anos e mal jogava, isso mostra que um par de anos de desenvolvimento é importantíssimo e que ter uma oportunidade com o treinador certo podes ir a qualquer lado.” Vá, exercitemos a capacidade do perdão e do desconto: Vítor Machado Ferreira, que esta temporada já foi muitíssimo elogiado por Thierry Henry, jogou no Molineux Stadium em 2020/21. Não falhou por muito, se calhar os tempos da família real são diferentes. Nunca saberemos.

Vitinha, com aqueles pêlos na cara a fazer lembrar um bom e servil mosqueteiro, a aquecer a alma do príncipe. Quanta poesia. William estava muitíssimo esperançoso, mas, e embora os ingleses terem começado a vencer, os rapazes de Paris fizeram o que era suposto fazerem e, com três golaços, ganharam por 3-1. Ally McCoist adivinhou o resultado antes do jogo, corando de vergonha por esmagar a fé importada do Palácio de Buckingham.

Voltando às análises cheias de propriedade deste homem que podia fazer umas coroas na televisão, segue-se um olhar sobre Unai Emery, o homem obcecado que tem transformado este Aston Villa, apenas a dois e seis pontos do quarto e terceiro classificados da Premier League. “Temos muita sorte por ter um treinador assim. Como pessoa é um cavalheiro absoluto, um tipo adorável, olha pelos jogadores como queremos que eles sejam tratados.”

E continuou: “É um taticista. Quando falei com ele tentei sacar informações, mas é muito cauteloso no que diz e no que faz”.

E lá se lembrou de um episódio num treino a que pôde assistir. Unai, um daqueles génios de laboratório que acreditam na possibilidade de vergar o futebol através do guião e do plano, mexia os jogadores meros centímetros, para aqui e para ali.

“Ele pegava neles pelos ombros!”, entusiasmava-se William. “É um homem que quer saber dos pequenos detalhes. Ele instiga muita confiança na equipa.”

William revelou ainda que nesta noite de Champions tinha a companhia do filho George. “Quero que ele viva uma noite longe de casa, numa grande competição europeia, espero que não sejam precisos outros 43 anos para voltar a acontecer. É importante criar estas memórias, é importante trazê-lo.”

O antigo central do Manchester United aproveitou para lançar uma casca de banana e perguntar se a alteza à sua frente impunha o clube ao filho. Riram-se muito. “Não, estou muito aberto, mas sou um bocado parcial”, confessou o senhor com o trono prometido. “Se os levo aos jogos do Aston Villa, eles vão apoiar o Villa.”

A conversa caminhava para o fim, longe ainda dos golos de Doué, Kvaratskhelia e Nuno Mendes, e por isso cheia de luz e inocência. Perguntaram a William sobre a obra faraónica de Declan Rice, que pela primeira vez fez um golo de livre direto. E foram logo dois, e logo ao Real Madrid, e logo na Liga dos Campeões. “Que golos fantásticos, incrível prestação do Arsenal. Estou entusiasmado para ver o que o Declan vai fazer na seleção, agora pode bater os livres.” Rei Beckham suspira...

A segunda mão do Aston Villa-PSG, no Villa Park, joga-se a 15 de abril. É difícil prever o desfecho desta história de encantar, mas uma coisa é certa: é provável que o príncipe William continue enamorado por Vitinha, o príncipe do Parque dos Príncipes.

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