19 out, 2019 - 16:08 • Redação
A família de Rui Jordão informa que “não haverá lugar a exéquias” por vontade do ex-jogador.
“Respeitando profundamente as suas intenções – sempre coerentes -, não haverá lugar a exéquias. A cada um a sua homenagem pessoal, profissional ou pública”, lê-se na nota da família, divulgada este sábado.
O antigo jogador, de origem angolana, morreu esta sexta-feira, aos 67 anos, por problemas cardíacos.
Rui Jordão, natural de Benguela, Angola, jogou no Benfica, em 1971/72, e no Sporting, tendo disputado 43 jogos pela seleção portuguesa e marcado 15 golos, dois dos quais no Europeu de 1984, no qual Portugal foi eliminado nas meias-finais.
Comunicado na integra
COMUNICADO DA FAMÍLIA DO DR. RUI MANUEL TRINDADE JORDÃO Artista Plástico
“As lágrimas do mundo são uma constante quantitativa: para cada um que começa a chorar, há um que pára de o fazer.”
Samuel Beckett, À espera de Godot
Não vimos aqui, na verdade, comunicar nada. Não há nada de novo a comunicar. Quase antes de sermos informados, já a notícia corria na imprensa, nas redes sociais, no boca-a-boca... Rui Jordão faleceu esta manhã.
O que a imprensa, as redes sociais e o boca-a-boca não sabem é quem, de facto, era o Rui Jordão. Mas isso, se não se importam, fica para quem teve o privilégio incrível de privar com ele, de o conhecer para além da figura pública.
Num momento em que a perda de um ente querido nos fragiliza, comove-nos, acima de tudo, o facto de percebermos que mais pessoas do que pensávamos sabem, na alma, que o Rui Jordão era – e sempre foi – muito mais que um dos melhores jogadores de futebol portugueses do século XX.
Neste momento em que nos confrontamos com a brutalidade irónica da existência, vimos, aqui, agradecer a todos os que, directa ou indirectamente, o acompanharam, o apoiaram e, acima de tudo, o compreenderam.
A narrativa da vida do nosso Rui não terminou. Tal como nunca terminam as narrativas daqueles que transcenderam as glórias mundanas, a favor da contemplação humanista – figura pública, ou não. Respeitando profundamente as suas intenções – sempre coerentes –, não haverá lugar a exéquias. A cada um a sua homenagem pessoal, profissional, ou pública.
Não esqueçamos, no entanto, que, lá por não acabar a Primavera por morrer uma andorinha, certamente a Primavera ficará mais pobre...
O PINTOR: O escadote fica bem neste lugar?
FILIPE R T: Resulta melhor sem ele.
O PINTOR: O escadote fica bem neste lugar!
Dr. Rui Manuel Jordão