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Futebol

A arte do apanha-bolas. O que celebramos por cá é proibido na Premier League

07 out, 2024 - 13:05 • Hugo Tavares da Silva

Um jovem apanha-bolas foi decisivo no FC Porto-Sp. Braga, tanto que até recebeu o prémio de melhor em campo. Em Inglaterra, isso é impossível desde março, graças a um quentinho Wolves-Coventry.

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Uma fresquinha noite de Londres, nos últimos dias de novembro de 2019, prometia ficar ainda mais fria quando o Olympiacos ia silenciando o estádio do Tottenham, em noite de Liga dos Campeões. Até que Callum Hynes entrou em ação...

A bola saiu, o apanha-bolas de 15 anos percebeu a vantagem, correu para entregar outra ferramenta da mesma espécie a Serge Aurier e a jogada desenrolou-se até ao golo de Harry Kane deixar tudo empatado. Acabaria 4-2 para a equipa de Mourinho.

José nunca, nunca fica indiferente a demonstrações de competidores ferozes, tal como não ficaram Vítor Bruno e os jogadores do FC Porto, no domingo, contra o Sp. Braga por motivo semelhante.

Mas foquemo-nos no Tottenham-Olympiacos, que tinha José Sá, Daniel Podence, Rúben Semedo, autor do segundo golo dos gregos, e Pedro Martins no banco. José Mourinho deslocou-se até ao adolescente e deu-lhe um aperto de mão e um abraço. “Valeu pela vida”, confessou o rapaz mais tarde.

“É um apanha-bolas muito bom, entende o jogo”, disse 'Mou', na conferência de imprensa, mais tarde. “Não está lá só para olhar para as bancadas ou para as luzes ou os cachecóis." Aquele gesto valeu-lhe um almoço com a equipa, uma tradição que a partir daí passou a ser regular nos jogos em casa dos 'spurs', mudando o sortudo.

Não é novidade testemunhar-se a apanha-bolas a terem impacto no jogo, seja para acelerar uma jogada e apanhar desprevenida uma defesa, seja para fingir que não há bolas e assim dar tempo à equipa, normalmente a jogar contra um clube maior ou num melhor momento, respirar e queimar tempo. Ou derreter a paciência alheia.

Foi o que aconteceu num Wolves 2-3 Coventry, a contar para a Taça de Inglaterra, em março deste ano. Um jovem fez aqueles truques que irritam os que querem a bola dentro de campo e, quando os visitantes marcaram o golo da vitória, o treinador Mark Robins excedeu-se e foi festejar na cara do rapaz.

Pouco depois, Robins pediu desculpas. “É só um miúdo…”, tentou chamar a razão para os motores que lhe aqueciam o verbo na garganta, apesar de explicar que o apanha-bolas em questão demorou propositadamente e que até se riu para ele.

O que é certo é que este episódio pode ter mudado a história da Premier League, pelo menos neste capítulo, um momento tão adorado por José Mourinho, que há pouco tempo, na Roma, entregou um papel a um apanha-bolas. O destino foi as mãos e os olhos de Rui Patrício.

No dia 29 de março, 12 dias depois desse Wolves-Coventry, a Premier League decretou que os apanha-bolas passariam a colocar as bolas nos cones que estão espalhados na moldura do relvado, ali bem perto do cal. A pressão de clubes e árbitros fez-se sentir.

A decisão prendeu-se com uma questão simples: evitar que as equipas da casa tenham qualquer tipo de vantagem competitiva no que toca às reposições da bola em jogo. A Premier League negou que a decisão estivesse relacionada com o que aconteceu no tal Wolves-Coventry.

Por cá, os apanha-bolas ainda podem ter impacto num jogo do campeonato. Foi isso mesmo que aconteceu no FC Porto-Sp. Braga, no Dragão, no domingo à noite (e que já acontecera outras vezes, nomeadamente quando Fábio Vieira foi feliz graças ao pequeno Afonso, em dezembro de 2021). "É de louvar", disse então Sérgio Conceição. "Gosto que até os apanha-bolas estejam a viver o jogo, por isso dei-lhe os parabéns", acrescentou.

Mas, em março de 2023, a história foi diferente. O então treinador do FC Porto pediu outra atitude aos apanha-bolas, depois de um duelo com o Inter de Milão na Liga dos Campeões. “Os nossos apanha-bolas não podem estar sentados aos 85 minutos e serem os nossos jogadores a irem buscar a bola. Se tiver de ser eu a tratar disso, farei isso no futuro”, avisou Conceição.

Voltando ao presente, Vítor Bruno foi questionado sobre se o rapaz tinha sido decisivo. O treinador não hesitou. “Sem dúvida, estes meninos são muito importantes”, admitiu. “Também é preciso que, quem está de fora e não diretamente a interagir com o jogo, perceba como pode ajudar mesmo estando de fora. Hoje temos mais três pontos também graças a ele. Vai ter o tributo que merece.”

O tributo, pelo menos aquele que foi mais badalado, partiu de Nico González, o médio que recebeu o prémio de melhor em campo e que o entregou ao rapaz que foi decisivo no golo de Pepê, que valeu os três pontos à turma do Dragão.

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  • EU
    08 out, 2024 PORTUGAL 11:05
    Uma tarde estava a assistir a um jogo de futebol entre 2 clubes da associação de futebol de Vila Real. Tinha transportado a equipa de arbitragem. A poucos minutos do final do jogo o clube visitado marca e fica a ganhar por 1 - 0. A bola foi colocada em jogo e um jogador visitado pontapeia a bola de maneira a que a mesma saísse do campo de jogos. O jogo é parado, gerou-se uma confusão dos diabos, o ÁRBITRO dá por findo o jogo e o resultado final foi a vitória do clube visitado com o JOGO a terminar uns bons minutos antes. O que se passou no DRAGÃO também se passa em Braga ou na Pasteleira. Não ARRANJEM maneira de os JOVENS não terem o chamado RACIOCÍNIO RÁPIDO.

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