05 fev, 2025 - 08:10 • Hugo Monteiro , João Malheiro
O coordenador da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária (PJ) admite que há clubes de futebol em Portugal que estão a ser usados para branquear dinheiro ilícito. São declarações num fórum sobre integridade e transparência financeira no Desporto, que teve lugar nos últimas dias, em Lisboa, e que passaram, inicialmente, despercebidas.
Na intervenção disponível online, Luís Ribeiro diz que o que se passa nos clubes "é uma preocupação" e a origem dos montantes injetados nos clubes "não é clara".
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"Infelizmente, os clubes hoje em dia são utilizados para branquear proventos de origem ilícita", aponta.
"Aquilo que nos deparamos muitas vezes é que a saída deste dinheiro é de uma forma que não é percetível", acrescenta, ainda.
"Quando temos investidores que gastam grandes quantias de dinheiro em clubes portugueses, obviamente que nos traz uma chamada de atenção para o que estes clubes pretendem fazer", indica.
Luís Ribeiro explica, igualmente, que os direitos de imagem de um jogador também não estão definidos, "é a lei da oferta e da procura", o que faz com que a circulação do dinheiro fique menos evidente.
"Seja com pagamentos de comissões a intermediários de uma forma que não é completamente clara, seja com contratos celebrados com valores sobrevalorizados para que esse dinheiro saia de forma aparente lícita, mas quando se faz uma análise mais detalhada percebe-se que aqueles valores não são de todo proporcionais", enumera.
João Paulo Batalha, da Frente Cívica, pede medidas urgentes e considera que é "fundamental que os reguladores estatais" escrutinem a situação.
"É fundamental para tentarmos identificar a origem dos capitais e até travar negócios em que a origem dos capitais não seja conhecida", refere.
Para o especialista em combate à corrupção, é claro que regulação internacional é necessária para impedir que aconteçam mais casos deste género.
"O fenómeno do futebol, a nível global, está desenhado para facilitar e estimular estas situações, que é muito difícil de controlar numa lógica nacional", considera.
[Artigo atualizado às 10h20 com declarações de João Paulo Batalha]