17 fev, 2025 - 08:15 • André Rodrigues , João Malheiro
Fernando Santos critica o silêncio de SL Benfica e Sporting CP quanto à morte de Jorge Nuno Pinto da Costa, ocorrida no sábado.
Os dois principais rivais do FC Porto não transmitiram condolências nem ao presidente André Villas-Boas, nem à instituição, e não se expressaram publicamente.
À Renascença, Fernando Santos - engenheiro do pentacampeonato do FC Porto e antigo treinador também de Benfica e Sporting - lamenta que os rivais não tenham falado do dirigente mais titulado do mundo, depois da sua morte.
Para o antigo selecionador nacional, "há uma relação institucional e um reconhecimento de alguém que fez muito pelo futebol português", independentemente de rivalidades e casos pessoais.
"No plano institucional, acho que sim. Como fizeram muitos clubes que tiveram, com certeza, problemas com o Porto ou não tinham uma grande relação", aponta.
Este domingo, depois do regresso da equipa do FC Porto do jogo contra o Farense, André Villas-Boas disse que "não é normal" o comportamento de Benfica e Sporting.
"Numa perda tão grande para a nação portista, é de lamentar que até este momento não tenham sido endereçadas as condolências", referiu.
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Fernando Santos recorda Pinto da Costa como mais do que um presidente, alguém com que rapidamente desenvolveu uma relação de amizade.
"Para lá do presidente Pinto da Costa, passei a ter um amigo chamado Jorge Nuno. Nunca misturamos as coisas. Sabíamos muito bem o que era o treinador e o presidente e o que era o Fernando Santos e o Jorge Nuno. Passar um serão com ele era ótimo", lembra.
E a prová-lo está o episódio que mais o marcou enquanto treinador do FC Porto - para além da conquista do pentacampeonato. Em fevereiro de 1999, o Porto foi eliminado da Taça de Portugal nas Antas pelo Torreense, na altura na II Divisão B.
O atual selecionador do Azerbaijão recorda a reação inesperada de Pinto da Costa: "Foi para casa, não queria falar com ninguém. Tocaram-me à porta e era o presidente. Ele entrou, perguntou-me se ia ver o Benfica a jogar pela Taça de Portugal. Não ia, não estava com vontade. Sentou-se ao meu lado e ficamos a ver o jogo. O Vitória de Setúbal venceu o Benfica e ele virou-se para mim e disse 'Amanhã, só meia página para cada um'. Sem dizer uma palavra, ele conseguiu por-me completamente em cima".
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Fernando Santos, católico devoto, conta que partilhava a fé em Deus com Pinto da Costa.
O engenheiro do pentacampeonato considera que a fé em comum foi uma ponte "sem darmos por isso", contudo "foi mais do que isso".
"Uma coisa que me marcou muito foi uma festa de aniversário. Ele declamou um poema e tirou o emblema que tinha do FC Porto na lapela e colocou na minha. Esses gestos marcaram a nossa relação", refere.
Fernando Santos recorda, ainda, muitos almoços e jantares em família, sem ser por questões de trabalho, "falando essencialmente da vida".
"Criamos esta relação, quase pai e filho. Marcou-me, definitivamente", expressa.