24 fev, 2025 - 13:00 • João Filipe Cruz
Aconteça o que acontecer teremos sempre Taça. Esta terça-feira a festa está garantida para um clube do Campeonato de Portugal. Pela primeira vez na história do nosso futebol, um emblema da quarta divisão vai marcar presença nas meias-finais (olvidando os feitos de Marítimo e Lusitânia dos Açores, nos anos 50 e 60, quando o fizeram enquanto competiam nos regionais).
Resta saber se desta vez a festa será alentejana ou nortenha.
O mítico e renovado Patalino vai receber o Elvas-Tirsense, duas equipas que já marcaram, noutros tempos, presença na Primeira Liga, sem nunca coincidirem. Quem já vestiu as camisolas destes dois históricos nos mais altos palcos não esconde o alegria pelo regresso às bocas de todos.
Já segue a Bola Branca no WhatsApp? É só clicar aqui
"Fico muito contente com o que está a acontecer ao Elvas. É um regresso ao antigo. Estou muito feliz e espero ficar ainda mais", confessa Celestino Ribeiro a Bola Branca.
Hoje "arredado do futebol", o antigo defesa com 134 jogos pelo Elvas, confessa que vai "sofrer".
"Vou ver, vou sofrer e vou querer que Elvas ganhe. O Tirsense também é um histórico. Como o Elvas joga em casa tem mais vantagem e acho que vai ganhar. O povo de Elvas puxa pela equipa do meio-dia à meia-noite", lembra o ainda líder na tabela dos jogadores com mais jogos pelos alentejanos.
Taça de Portugal
No oitavos da Taça, os alentejanos recebem o Vitór(...)
O Elvas lidera a Série C do Campeonato de Portugal com 10 pontos de vantagem e tem a presença na fase de subida para a Liga 3 praticamente assegurada. Do outro lado, o Tirsense ainda não tem a manutenção no quarto escalão garantida. O jogo é em casa do melhor classificado, mas Taça é Taça.
"Jogando em casa, à partida, o Elvas é mais favorito, mas é Taça, é diferente. Acho que vai ser 50-50", aposta Caetano, antiga glória do Tirsense.
Em conversa com Bola Branca, o antigo avançado, que ainda tem o camarote no Estádio Abel Alves de Figueiredo, em Santo Tirso, não esconde o orgulho no seu Tirsense.
"O Tirsense é o meu clube, a maior parte da minha carreira foi passada lá e sempre que se fala do Tirsense gosto de ouvir. Gostava de ver o clube a chegar lá acima outra vez. Neste momento está nos quartos de final da Taça e pode passar às meias, seria histórico", sublinha.
Mesmo com uma eliminatória por decidir, é impossível não pensar na possibilidade de reencontro com um dos grandes do futebol nacional. O Elvas e Tirsense já sabem que cruzam com Benfica com Sporting de Braga nas meias-finais e, sendo a duas mãos, estaria garantida receção em estádio próprio.
O histórico clube de Santo Tirso vive um momento h(...)
Celestino e Caetano não querem soltar as canas sem festa, mas admitem que a passagem e consequente encontro com um clube maior seria um "prémio". O antigo jogador dos alentejanos considera que "o povo de Elvas merece receber um grande", já o ex-Tirsense, hoje empresário, não consegue deixar de pensar na mais-valia "nas receitas" que isso significaria para os jesuítas.
"Era muito difícil passar em Elvas, fosse a equipa que fosse. Tínhamos uma equipa com jogadores muito unidos, quase a mesma equipa durante sete ou oito anos", recorda Celestino Ribeiro.
No Alto Alentejo de 1978 a 1991, hoje em Cascais, o antigo defesa admite que desligou de alegrias que "dão cabo da cabeça", mas não resiste a lembrar os tempos em que não se conseguia "estar em Elvas".
"O primeiro jogo que fizemos contra o Benfica tivemos de ir estagiar para Rio Maior. Imagine o que era aquilo. Era tanta gente, tanta gente. Chegamos duas horas e meia antes e o estádio já estava completamente cheio e não podia entrar mais gente. Era um ambiente fora de série", destaca.
Já Agostinho Caetano, formado no Penafiel e no FC Porto, esteve em Santo Tirso de 1990 a 1996 e não se esquece da última vez que o clube esteve nos quartos-de-final da Taça.
"Foi a minha primeira e única expulsão. Lembro-me perfeitamente", admite Caetano sobre aquela derrota com o Feirense em abril de 1991, mas rapidamente atira com os tempos áureos com os jesuítas na Primeira Liga.
"Fizemos excelentes épocas na primeira na altura em que tínhamos o Marcelo, o Paredão, o Porfírio, o Nascimento, o Cabral, uma série de jogadores muito conhecidos. Fizemos grandes resultados, ganhamos 3-1 ao FC Porto em casa", recorda.
O tempo já não volta atrás, mas esta quarta-feira o passado de glória será recordado entre gentes de Elvas e Santo Tirso. Ganhe quem ganhar, já temos Taça.