24 mar, 2025 - 12:45 • Eduardo Soares da Silva
Até abril de 2021, o Gil Vicente vivia uma série de 16 anos consecutivos sem conseguir vencer o Benfica. Tudo isso acabou com um triunfo, por 2-1, da equipa de Ricardo Soares que embalou para a manutenção com esse triunfo no Estádio da Luz.
Os minhotos viriam a repetir vitória em casa dos encarnados na época seguinte. Nessa época, o Gil conseguiu o apuramento europeu e foi temporada aquém das águias. Desde então, o Gil não voltou a vencer o Benfica, duas equipas que se voltam a encontrar, esta sexta-feira, em Barcelos, para a I Liga.
Em entrevista à Renascença, o treinador Ricardo Soares explica que é preciso "organização, uma pontinha de sorte e eficácia acima da média" para se vencer o Benfica.
O técnico encontra um paralelismo entre o jogo de sexta-feira e a sua primeira vitória, uma vez que o Gil é 14.º classificado, com os mesmos pontos que o Estrela da Amadora, que está em lugar de "play-off" de manutenção.
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"Um resultado contra uma equipa grande pode dar um "click" que nos faz acreditar mais nas ideias e no que estamos a trabalhar", explica.
Sobre o Benfica, Ricardo Soares considera que a equipa de Bruno Lage está a fazer "uma época excelente" e chegará a Barcelos com objetivo de continuar na luta pelo título com o Sporting.
Duas vitórias, em épocas consecutivas. Que memórias tem desses jogos?
Foram dois jogos distintos e bem conseguidos pelo Gil Vicente. Quando jogámos contra o Benfica do Jorge Jesus, eles vinham de seis ou sete vitórias seguidas, com goleadas e sem sofrer golos. Vinham com uma força extrema e o Gil Vicente lutava desesperadamente por pontos para assegurar a manutenção. Estávamos num bom momento, sabemos a diferença do Benfica e o Gil, mas fizemos um excelente jogo. Penso que a vitória foi merecida e reconhecida.
No segundo jogo, era uma equipa mais confortável, com confiança muito elevada e o Benfica já estava numa fase mais conturbada. Vencemos com um excelente jogo. O segredo passou por acreditar nas nossas ideias e jogar no Estádio da Luz de igual para igual, o que sabemos que é extremamente difícil.
É sempre um momento muito marcante ganhar na Luz...
Sem dúvida. Até porque é extremamente difícil ganhar aos três grandes, ainda por cima no seu estádio. Na altura, os pontos foram fundamentais, principalmente na primeira época. Deu-nos a confiança e fizemos uma reta final boa. Um resultado contra uma equipa grande pode dar um "click" que nos faz acreditar mais nas ideias e no que estamos a trabalhar. Os objetivos estavam difíceis na altura, mas conseguimos alcançar com grande assertividade.
É inevitável jogar mais retranca, ou prepara-se o jogo da mesma forma?
Depende sempre do contexto e da forma de trabalhar. Na minha forma de pensar o futebol, acho que faz pouco sentido ter uma ideia de jogo de pressionar alto, jogar em todo o campo, de igual para igual, e depois alterar numa semana comportamentos que estão devidamente treinados durante meses. Se a nossa equipa for agressiva e pressionante, vamos tentar fazê-lo nesses estádios. O que acontece é que, pela dimensão dos adverários, não conseguimos fazer esse jogo por mérito do adversário.
O Gil está num momento difícil, pode existir esse paralelo com a sua primeira vitória contra o Benfica?
Seguramente que uma vitória seria extremamente importante para o Gil Vicente, mas o Benfica está a lutar pelo título. Tenho acompanhado a I Liga e a confiança das equipas está muito diferente. O Benfica tem confiança elevadíssima e o Gil Vicente pode não ser a melhor, dado os últimos resultados. Num jogo grande, isso por vezes pouco importa, porque os jogadores transcendem-se. É extremamente difícil, mas não impossível num dia mau do Benfica e um muito bom do Gil
Como olha para o Benfica nesta altura? Já com calendário menos congestionado...
Está muito forte, claramente. Tem feito uma época excelente, já ganhou uma competição, fez uma grande Liga dos Campeões, estão na Taça de Portugal e a lutar pelo título e com tudo em aberto para o fazer. Isso dá confiança maior ainda para o seu favoritismo, que acho que é reconhecido por todos.
No Gil Vicente, Fujimoto, com quem ainda trabalhou, pode ser sempre um desbloqueador nestes jogos?
Sim, tem essa capacidade e um conjunto de valências que o diferenciam de outros jogadores, mas o que pode fazer a diferença será sempre o coletivo e principalmente a resiliência. Às vezes, aguentar determinados períodos do jogo em que o Benfica estiver por cima, pela sua qualidade, e com uma pontinha de sorte, organização e eficácia acima da média, como nos aconteceu nos dois jogos, conseguem-se estes resultados que são anormais, mas que podem acontecer.
Surpreende que não tenha dado o salto ainda para outro patamar?
Sinceramente, sim. Acredito muito nele. Conheço-o muito bem, tem uma capacidade tremenda, mas o futebol é assim. Uns vão, outros ficam, mas a qualidade é inegável.