26 mar, 2025 - 14:00 • Eduardo Soares da Silva
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) garante que vai agir "de modo inflexível em relação a qualquer pessoa ou entidade que tenha lesado os interesses e o bom nome da instituição", depois das buscas na federação por suspeitas dos crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio e fraude fiscal qualificada.
A Operação "Mais-Valia" que está relacionada com a venda da antiga sede da FPF e tem dois arguidos: Paulo Lourenço, ex-secretário geral da FPF, e o ex-deputado António Gameiro.
A nova direção da FPF reuniu de forma urgente esta manhã e expressou a "sua estupefação e indignação pela forma como a honra e reputação da instituição foram afetadas por todos os acontecimentos ocorridos no dia de ontem".
A federação anunciou ainda um conjunto de medidas como consequência das buscas, como a "extensão ao mandato 2016-2020 da auditoria que já decorre, desde 17 de março, referente aos anos entre 2020-2024, que permita uma análise minuciosa e aprofundada, sobretudo nas áreas críticas que envolvem pagamento de comissões, prestações de serviços e procedimentos na área de recursos humanos, por forma a apurar eventuais responsabilidades civis ou criminais".
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Para além disso, a FPF vai implementar de forma "imediata" um "processo de averiguação interna aos procedimentos administrativos de todos os departamentos" e a aceitação, "com efeito imediato, do pedido de revogação de contrato do prestador de serviços Paulo Lourenço."
Direção da Federação Portuguesa de Futebol garante(...)
A federação, hoje liderada por Pedro Proença, que foi eleito sucessor de Fernando Gomes, anunciou ainda o "reforço das políticas de compliance e dos mecanismos de escrutínio da idoneidade de todos membros dos Órgãos Sociais, funcionários e colaboradores da FPF" e a implementação de certificação em normais internacionais de qualidade, segurança da informação e anticorrupção.
A FPF vai ainda constituir-se como asistente nos processos criminais, vai criar um comité de ética e promete "ações judiciais contra quaisquer pessoas e entidades que venham a ser responsabilizadas por danos causados à Federação Portuguesa de Futebol."
Está em causa o processo de venda da antiga sede da Federação Portuguesa de Futebol, em 2018.
O imóvel da rua Alexandre Herculano, em Lisboa, foi vendido por 11 milhões e 250 mil euros, mas a Federação declarou um valor de 3,9 milhões - portanto, mais de 7 milhões de euros de diferença entre valores, o que levanta suspeitas de manipulação de preços, corrupção e fraude fiscal.
A Polícia Judiciária (PJ) anunciou que vão existir novos arguidos para lá de António Gameiro e Paulo Lourenço, mas não é esperado que Fernando Gomes, ex-presidente da FPF e novo presidente do Comité Olímpico, seja um deles.
Luís Neves, diretor da PJ, surgiu ao final da tarde ao lado de Fernando Gomes na tomada de posse como presidente do COP para deixar essa garantia de que o antigo presidente da Federação não é visado nesta operação, assim como Tiago Craveiro - ex-diretor-geral da Federação.