27 mai, 2024 - 16:29 • Redação
Ricardo Braga, Ricardinho no mundo do futsal, é agora campeão em cinco países diferentes. Em declarações a Bola Branca, o antigo capitão da seleção analisa a sua época na Letónia e admite estar a pensar num possível fim de carreira.
Começando pelo início, Ricardinho explica que assinou com o Riga FC por ambições pessoais. É que queria bater o recorde de jogador com mais golos marcados na UEFA Futsal Champions League.
“Eu vim para este projeto principalmente por causa da Champions League”, começa por dizer à Renascença. “Senti que era uma possibilidade muito próxima e possível de bater esse recorde”.
André Vanderlei, um bombardeiro que atuou no Action 21 Charleroi e Châtelineau Futsal, somou 54 golos no torneio, por isso bastavam cinco a Ricardinho para bater o brasileiro. E foi isso mesmo que aconteceu… com a margem de craque, claro: Ricardinho alcançou os 55 golos logo em agosto, no terceiro jogo europeu pelo Riga. Acabou com 11, ou seja, deixou a marca nos 60 tiros.
Aliado a essa ambição competitiva, o facto de voltar para “mais perto” de casa também ajudou na decisão. Na temporada anterior, Ricardinho jogou a 12.760 quilómetros de casa, mais precisamente na Indonésia.
O Riga FC foi criado em 2015. Desde então, já conquistou dois campeonatos, uma taça e uma supertaça. Afirmar-se pelo mundo fora é o novo objetivo, como conta o seis vezes melhor do mundo: “O clube quer meter-se entre os grandes da Europa. Obviamente, há muitas coisas a melhorar, mas essas dores de crescimento ainda são muito grandes”.
O principal objetivo era chegar à ronda de elite da UEFA Futsal Champions League, uma meta que foi cumprida. A equipa da Letónia venceu oito das nove partidas realizadas. A única derrota foi frente ao Barcelona, equipa que chegou à final da competição, onde os de Riga perderam por 3-2. Ficaram assim a uma vitória de chegar à ‘final four’.
“Nós entrámos na Champions com um Renault ou um Fiat a lutar contra Ferrari e Mercedes”, brinca o ex-capitão da seleção nacional.
Em declarações à Renascença, Ricardinho confessa ter sido a sua época mais difícil em termos individuais: “Foi uma época muito atípica. Sofri bastante, houve muitas nuances que não se podem controlar. O importante é como termina e que nos sintamos parte do projeto. Eu estou feliz porque acho que fizemos uma temporada incrível”.
Com a recente conquista, o campeão do mundo e da Europa por Portugal atingiu o marco de ser campeão em cinco países diferentes. Ou seja, Portugal, Japão, Espanha e França foram as outras ligas de onde saiu vitorioso.
“Têm sido anos brutais em ligas muito difíceis. Fico muito feliz porque são cinco países diferentes. Dá um sabor especial. Há muita gente que tem medo de sair da zona de conforto. Eu nunca tive esse medo”, remata.
Tiago Polido, o treinador, liderou o Riga FC de janeiro até ao final da temporada. Antes de chegar à Letónia, o técnico português já tinha ganho títulos na Croácia e em Itália.
Ricardinho partilha que foi o próprio quem recomendou a contratação de Tiago. “Já tinha perguntado sobre como o Tiago trabalhava e todos me falaram bastante bem. Como treinador veio acrescentar bastante”, atira.
Para o astro português, a continuidade do técnico é certa: “Vai continuar a fazer um grande trabalho”.
O internacional português por 188 vezes confessa ver o fim da sua carreira cada vez mais próximo. “Preciso muito de descansar e de meter as ideias na cabeça bem claras”, afirma.
Esse adeus desavindo para os amantes da modalidade é algo que tem pensado bastante nos últimos dias. A sua família diz que o próprio tem “de se acalmar” e ir de férias. “Eles sabem que eu sou uma pessoa que gosta muito de jogar e competir”.
E acrescenta: “O meu corpo vai pedindo descanso. Custa mais a recuperação nos pós-jogo”, admite. “Mas, acima de tudo, [custa] mentalmente, o ter de viajar, o estágio e o tempo fora de casa e está a afetar-me muito.”
Ricardinho saiu de casa com 16 anos. Olhando para trás, surge-lhe a questão “Há quanto tempo não estou em casa tranquilo?”. No entanto, o internacional português deixa a nota de que não se está a queixar.
“Eu amo a minha vida e foi a que escolhi. O que estou a sentir é que o meu corpo me está a pedir um pouco de casa”, confessa.
O ex-capitão recordou ainda a sua decisão de deixar a seleção: “Sou uma pessoa que começa a perceber quando tenho a fase da decadência e por isso deixei a seleção naquele momento. De acordo com o atleta de 38 anos, a parte mais difícil para os atletas é saber deixar. “Nós não jogamos até aos 50 anos…”
A seleção nacional vai participar no Mundial deste ano, que vai decorrer no Uzbequistão. Ricardinho começa por dizer que Portugal tem “uma seleção incrível com potencial enorme”. Para o internacional pelas quinas, a seleção “tem de se sentir candidata e de defender com unhas e dentes o nosso título”.
Portugal venceu o Euro2018, o Mundial2021 e o Europeu2022. Os adversários, segundo Ricardinho, vão olhar para a equipa portuguesa com mais cuidado. “As outras seleções já começam a perceber. Sorte é uma vez, três já é mais difícil.”
“Temos de estar mais ligados e espertos”, remata. A chave estará em cometer poucos erros, uma vez que erros se pagam caro a este nível, conta o número 24 do Riga.
Por ser longe, Ricardinho não poderá estar presente. No entanto, deixa uma promessa: “Se chegarmos à final, como ambiciona muito, lá tentarei eu fazer mais uma viagem com o meu passaporte para ver Portugal ao vivo”.