06 ago, 2024 - 13:45 • Redação
Já imaginou saltar a uma altura de um prédio de dois andares? Foi isso mesmo que aconteceu na noite de segunda-feira, no Stade de France, em Paris. O sueco Armand Duplantis bateu todos os recordes na modalidade de salto com vara nos Jogos Olímpicos de 2024 ao alcançar a marca dos 6,25 metros, um centímetro a mais do seu próprio recorde mundial.
Desde 2020 que o atleta de 24 anos, centímetro a centímetro, foi revalidando o título de campeão mundial. É detentor das 11 melhores marcas de sempre na modalidade, disputando apenas o 10.º lugar com o atleta Renaud Lavillenie (França) e o 12.º com Sergey Bubka (Ucrânia), segundo o World Athletics, o organismo que gere o atletismo em todo o mundo.
Mas este domínio europeu sempre fez parte da história do desporto olímpico?
O salto com vara é uma das modalidades inaugurais dos Jogos Olímpicos que se realizaram na cidade de Atenas, em 1896. Até ao final dos anos 60, todos as medalhas olímpicas e recordes mundiais eram de domínio norte-americano, mas tudo mudou na edição de 1970, quando a melhor marca mundial passou para o alemão Wolfgang Nordwig.
A Alemanha fez, assim, uma "rasteira" aos recordes consecutivos alcançados pelos Estados Unidos da América e, desde então, o título de campeão mundial passou a ser predominantemente europeu e bastante disputado entre os países do velho continente. Atualmente, é preciso recuar à 38.ª posição para ver quebrada a hegemonia europeia.
A política nunca esteve arredada desta modalidade. Por exemplo, nas Olimpíadas de 1980, em Moscovo, os EUA não marcaram presença e o confronto entre a Polónia e a União Soviética passou das trincheiras para as pistas.
Władysław Kozakiewicz (Polónia) ultrapassou o recorde mundial, o que provocou descontentamento por parte dos apoiantes soviéticos. O atleta polaco respondeu às criticas com um gesto particular, numa fotografia que correu mundo: entre sorrisos, lançou um "manguito" ainda no colchão da prova.
Mas esta está longe de ser a única curiosidade que marca a modalidade que, em 2024, se reafirmou como uma das mais destacadas dos Jogos Olímpicos. Senão vejamos:
Primeiro recorde olímpico: O primeiro recorde olímpico registou a marca dos 3,30m – quase metade daquele feito por Duplantis esta segunda-feira, em Paris.
Vara e Pista: A vara, utilizada pelos atletas para ganhar mais impulso, é feita de fibra de carbono e chega aos 4,5 metros de cumprimento. O peso da vara pode variar aproximadamente entre os 9 e os 13kg, sendo este uma opção do próprio atleta. A corrida é feita ao longo de uma raia de 40m de distância e 1,20m de largura.
Introdução da categoria feminina: Mais de 100 anos após o início dos Olímpicos Modernos - só em 2000 e em Sydney - é que se introduziu a categoria feminina da modalidade de salto. O recorde mundial dessa secção pertence a Yelena Isinbayeva, atleta russa que, em 2009, alcançou a marca dos 5,09 metros. É a primeira mulher a passar a marca dos cinco metros.
Bicampeão olímpico: Bob Richards, atleta norte-americano, foi o primeiro a vencer duas medalhas de ouro consecutivas e a tornar-se bicampeão olímpico, em 1952 e 1956. Curiosamente, os dois atuais recordistas mundiais - masculino e feminino - também detêm esse título.
No que diz respeito a Portugal, teremos de esperar pela próxima edição dos Jogos Olímpicos para voltar a tentar a nossa sorte: no passado sábado (3), o recordista nacional Pedro Buaró disse adeus à competição com uma marca de 5,40 metros. O sonho de arrecadar uma medalha em salto com vara fica, assim, adiado para 2028, em Los Angeles.