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O que se passa com Wembanyama e o que se segue?

21 fev, 2025 - 16:15 • Redação

O atleta dos spurs sofreu uma trombose venosa no ombro e deverá ficar de fora até ao final da temporada. Renascença ouviu um especialista.

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Victor Wembanyama sofreu uma trombose venosa no ombro direito. Um especialista, em declarações a Bola Branca, diz que é algo que pode acontecer em atletas de alta competição.

O francês Victor Wembanyama chegou à NBA com 19 anos. Com os seus 2,21 metros de altura e uma envergadura de 2,43 metros, a juntar à agilidade e rapidez que lhe são características, “Wemby” não ficou indiferente a ninguém na liga norte-americana.

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A lesão apareceu numa altura de destaque para o poste de 21 anos. Foi considerado o “rookie” do ano na última temporada e era o principal candidato a jogador defensivo do ano esta época. O francês contava, até agora, com 403 arremessos de três pontos e 176 bloqueios. Nenhum jogador na história da NBA conseguiu estes números ao fim de uma época, Wembanyama atingiu-os antes do fim da temporada de debute.

O francês apresentou na tal primeira época uma média de 24,3 pontos, 11 ressaltos e 3,8 desarmes. O único jogador a conseguir esta média, ao fim de uma época, tinha sido Kareem Abdul-Jabbar, em 1975/76.

A época regular terminou para a considerada “estrela” do San Antonio Spurs, após diagnóstico de lesão no ombro direito – uma trombose venosa profunda -, segundo o comunicado da equipa nas redes sociais.

De acordo com os “spurs”, o diagnóstico foi conhecido esta semana, após a presença do basquetebolista no All-Star Game da NBA.

“Não sou suficientemente inteligente ou inclinado para os conhecimentos médicos, mas o que posso dizer é: o Victor sentiu que o seu braço não estava completamente normal”, informou o treinador da equipa, Mitch Johnson. “Isso foi comunicado à nossa equipa médica, eles investigaram o assunto e foi assim que chegámos aqui”.

Johnson acrescentou ainda que é difícil perder um jogador desta magnitude. “Perde-se um principal jogador da liga, que as pessoas gostam de ver”, lamentou. Estima-se que a recuperação possa durar entre “três a seis meses”.

Em entrevista à Renascença, o médico especialista da Allure Clinic Sérgio Sampaio explica que uma trombose venosa profunda “acontece quando as veias do sistema venoso profundo sofrem uma trombose, quando o sangue coagula e deixa de circular através delas”.

Ou seja, devido ao grande desenvolvimento muscular da cintura escapular à volta do ombro, a lesão no membro superior, num atleta, é algo que “pode acontecer, sim”.

Sampaio continua: “Quase sempre há uma estrutura anatómica, um túnel, por onde passam as artérias, os músculos, os nervos, na transição entre o tórax e o membro superior, e o braço. Chamamos a esse túnel desfiladeiro torácico. É um espaço relativamente apertado, que é limitado por ossos e por estruturas musculares e tendinosas", contextualiza o médico.

Quando o atleta já tem alguma “propensão anatómica e genética da sua constituição”, para que o espaço não seja muito folgado, fruto da atividade desportiva, “existe um grande desenvolvimento dos músculos”.

Por isso, continua o especialista, “estas estruturas que passam através do desfiladeiro torácico, artéria, nervo e veia, ficam comprimidas. Esta compressão da veia pode acabar por provocar lesão da veia com trombose do sangue dentro da veia. Esta veia fica impedida. Acontece uma dificuldade de drenagem, não de irrigação. O membro não fica em risco”.

Conclusão, a artéria, na maior parte das vezes, não é atingida e, portanto, continua a haver uma irrigação normal do membro superior, do braço. Mas “a drenagem, o retorno do sangue, fica comprometido”, acrescenta o médico especialista.

A curto prazo, é “pouco frequente, mas possível” que aconteça uma embolia pulmonar – deslocação do coágulo de sangue, entrada na circulação e entrave à circulação pulmonar. A médio e longo prazo, as consequências podem ser o ombro ficar cronicamente inchado, com diâmetros diferentes e alguma sensação de cansaço, mas “é raro isso acontecer, a maior parte das vezes existe uma recuperação total”, explica Sérgio Sampaio.

Um exemplo de sucesso é o caso de Serena Williams, uma agora ex-jogadora profissional de ténis, que foi diagnosticada com uma embolia pulmonar, em 2011, e que quando voltou foi novamente considerada uma das melhores desportistas de ténis do mundo.

Na situação de ‘Wemby’, o tratamento da trombose venosa profunda, regra geral, dura três a seis meses, e o foco inicial é na avaliação das características do atleta.

“Tem de se ver se existe de facto um compromisso anatómico que esteja a comprimir as estruturas que passam no tal desfiladeiro torácico, para decidir se é necessária alguma intervenção para libertar as estruturas”, refere o especialista, que diz que objetivo é evitar que a lesão volte a ocorrer no futuro.

Num comunicado nas redes sociais, a equipa dos San Antonio Spurs diz que o esperado é que o jogador francês falhe o resto da temporada regular de 2024/2025.

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