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FC Porto

Martín Anselmi: "O nosso rival é o maior professor"

27 jan, 2025 - 13:45 • Hugo Tavares da Silva

O novo treinador do FC Porto apreciou os ares do museu e explicou como vê o seu ofício: "Queremos um futebol de vantagens. Não escolhemos como atacar, o rival é que define como atacamos".

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O novo treinador do FC Porto, Martín Anselmi, começou a sua apresentação com um “bom dia”, prometendo mais tarde que falaria português num futuro qualquer.

O argentino, o sucessor de Vítor Bruno e do interino José Tavares, agradeceu depois à tripla André Villas-Boas, o presidente do clube, Jorge Costa e Andoni Zubizarreta, os responsáveis principais pelo futebol profissional. E mencionou “a enorme responsabilidade e o enorme prestígio por defender" as cores do FC Porto.

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Primeiro, apontou o foco para o adepto do FC Porto. Ou “hincha”, perdão, confessando que sentiu carinho e apoio na bancada durante o Porto-Santa Clara, que acabou empatado a uma bola e que agudizou a crise (cinco jogos sem vitórias, quatro deles derrotas).

“Prometo-lhes que, a partir de hoje, começaremos a trabalhar com o plantel, vamos começar a construir uma equipa que represente e que sobretudo que se identifique com todos os portistas. É difícil, sim, começar uma nova etapa sem antes fechar uma etapa anterior”, afirmou.

Dito isto, leu uma carta, um momento surpreendente diga-se, para os adeptos do Cruz Azul, o antigo clube do qual não saiu a bem.

Depois, regressou ao FC Porto. “As sensações são enormes. Sinto felicidade. Aqui respira-se paixão, a cultura de trabalho, a exigência, a necessidade de se transmitir para fora essa intensidade e luta”, enumerou. “Mais do que os escudos, que são muito importantes, as pessoas e os títulos, há essa essência que se respira em tudo o que vemos. A cultura pelo trabalho com a qual me identifico…”

Martín Anselmi revelou então que conhece o FC Porto desde pequeno, lembrando que vários futebolistas argentinos passaram por ali, nomeadamente um. Fernando Belluschi. Afinal, Anselmi é adepto do Newell’s, onde começou a carreira do médio virtuoso.

“A sensação é muito linda. A vibração que se viu no estádio fez-me sentir e entender ainda mais onde estamos”, anunciou. “Queremos e estamos convencidos de que vamos construir essa equipa competitiva.”

Entrou-se então na parte mais geek do jogo, mas também a mais sumarenta. Como joga, afinal? Três centrais? “Que tema este dos números e sistemas…”, atirou, introduzindo a questão e ganhando uns segundos para definir a resposta, onde o palavreado lhe saiu mais rápido da boca. Aqui foi menos político e despreocupou-se, falou abertamente, foi treinador, foi apaixonado por futebol.

“Queremos um futebol de vantagens, posicional, onde ocupamos posições”, arrancou. “Mais do que o sistema, acredito nisso para atacar. Podemos construir com três defesas, mas se um líbero aparecer no meio-campo estamos a jogar com quatro [atrás]... Para atacar, ter um sistema rígido não nos favorece. Na parte ofensiva, temos um sistema que se compõe constantemente, vai depender do rival.”

E aprimorou a resposta, mui argentina diga-se, não fosse ele disciplino (espiritual, vá) de Marcelo Bielsa. “Queremos construir-nos constantemente para continuar a evoluir”, explicou. “O futebol evolui, os rivais estudam-te, também melhoram e entendo que o nosso rival é o maior professor. É por aí.”

Na defesa, sim senhor, “há um sistema”. Ou seja, “há uma ordem, temos de entender de onde partimos, para onde vamos, como pressionamos, quem corre, quem ajusta…”. Deu conta de que tem trabalhado nos últimos tempos com a famosa linha de cinco, definitivamente na moda e muito badalada. Mas recusou partir para esta aventura com pilares já definidos.

A equipa técnica e Anselmi gostam de estudar o rival e de jogar de acordo com o que ele lhe permite, confessou o novo técnico dos dragões. “Não escolhemos como atacar, o rival é que define como atacamos. Precisamos de jogadores que entendam o jogo.”

Convidado a fazer um diagnóstico da equipa e dos jogadores, Martín Anselmi atuou ao contrário do que promete para as suas equipas. “Quero ser prudente. Os futebolistas estão num contexto. Para vestir as cores do Porto, significa que estás capacitado. Creio que o contexto faz o jogador, melhora ou piora.”

A expectativa é “muito grande”, admitiu Anselmi. Tanto que até pediu mais espaço no museu a André Villas-Boas para futuras glórias. AVB sorriu e aplaudiu, babado.

O sul-americano reforçou que começar um trabalho numa época em andamento não é o ideal. Independentemente disso, “o Porto tem de lutar, tem de estar sempre em cima”. Vai ser necessário tempo, disse ainda, mas o objetivo principal é só um: “ser melhor do que ontem”. É a cultura da equipa técnica, revelou.

“Temos de ter a humildade para saber no que estamos a falhar. Gosto de olhar para dentro, somos muito exigentes connosco e também com os que nos rodeiam.”

A estreia de Martín Anselmi, de 39 anos, vai acontecer na quinta-feira, quando o FC Porto defrontar o Olympiacos para a Liga Europa.

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