20 fev, 2025 - 15:35 • Inês Braga Sampaio
Martín Anselmi sabe bem que tem um treinador muito experiente pela frente, que sabe como "condicionar decisões do árbitro", mas não entra na conversa de Claudio Ranieri. O que o treinador do FC Porto quer é "justiça", sem erros a favor e contra, e, traga a arbitragem o que trouxer, só pensa em ganhar à Roma e chegar aos oitavos de final da Liga Europa.
Na conferência de imprensa de antevisão da segunda mão do play-off, esta quinta-feira, o técnico argentino rejeita que a Liga Europa seja a tábua de salvação da temporada, contudo, também se mostra ambicioso: "Não vimos a Roma ver o que acontece, vimos para nos apurarmos."
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Ranieri criticou a arbitragem da primeira mão, que terminou empatada a um golo, e elogiou o árbitro nomeado para este jogo, François Letexier. Anselmi não entra nos jogos do técnico da Roma, que, no seu entender, está a tentar "criar um contexto em que condiciona algumas decisões".
O FC Porto defronta a Roma, no Estádio Olímpico da capital de Itália, na quinta-feira, a partir das 17h45. O jogo da segunda mão do play-off da Liga Europa terá relato e acompanhamento ao minuto na Renascença.
Importância de marcar primeiro
É sempre importante marcar primeiro, seria um início ideal. Já vimos no jogo anterior que a Roma é um adversário forte, com bons jogadores, uma equipa que tem a capacidade de suster um jogo em defesa homem a homem e que se impõe em cada duelo. Imagino que nos primeiros minutos vão ser muito intensos, a querer marcar o primeiro golo e encostar-nos à nossa baliza, mas nós treinámos bem e estamos preparados para fazer o nosso jogo. Esperamos que as coisas saiam como planeámos e façamos um bom jogo.
FC Porto marca mais golos nas segundas partes
Não tenho uma explicação para isso acontecer. Queremos marcar na primeira parte. No entanto, acredito que, por vezes, e em qualquer jogo, as pernas no final das segundas partes vão perdendo energia e os espaços vão-se abrindo. Por isso, uma pressão super alta e de perseguição numa primeira parte em que estou defendendo o meu par e tenho de correr por todo o campo, na segunda metade acaba por ser mais complicado e os jogos abrem-se. Há jogos em que o adversário defende em bloco baixo e sustém isso em todo o jogo e é importante a bola parada, para poder abri-los, e a partir daí geram-se espaços. Mas também acredito que é circunstancial. No Rio Ave merecemos abrir o marcador na primeira parte, com a Roma tivemos a oportunidade mais clara no início da partida. Acaba por ser circunstancial, mas se tivesse de arranjar uma explicação diria que o futebol é assim. Os jogos em que isso aconteceu foram muito intensos e o espaço apareceu nas segundas partes.
Francisco Moura
Na nossa forma de jogar e o nosso modelo de jogo, os laterais têm um papel importante a nível físico, porque têm subir e descer, têm de conseguir atacar com a mesma intensidade com que defendem. Não é o mesmo dividir a largura do campo com dois jogadores que com apenas um, têm todo o campo para eles. Necessita-se jogadores com muita capacidade de repetir esforço, de atacar o espaço, de incorporar-se. O Francisco incorporou-se duas vezes com a Roma e numa teve recompensa. No Cruz Azul tínhamos um lateral-esquerdo que também marcou muitos golos e também se destacou, por isso deixa-me a pensar se atacamos ou finalizamos mais pelo lado esquerdo que pelo direito. Mas sim, é um jogador que tem capacidade para fazer [o que queremos], igual que o João Mário do outro lado. E tanto o Zaidu como o Martim Fernandes, quando consiga recuperar-se, são jogadores com capacidade para percorrer todo o flanco como faz o Moura.
Liga Europa é tábua de salvação?
Há provas que já não estamos a jogar, como a Taça de Portugal e a Taça da Liga, mas no campeonato ainda faltam muitas jornadas e ainda temos possibilidades de mostrar resultados. A Liga Europa decide-se no "mata-mata", um passa e o outro fica pelo caminho. Vimos a Roma com possibilidades e vontade de passar à próxima fase. Não vimos a Roma ver o que acontece, vimos para nos apurarmos.
Pepê foi lateral-direito em Faro
Frente ao Farense, esperávamos que os nossos alas podiam ter uma tendência mais ofensiva, porque iam acabar a jogar mais como extremos que como laterais. Sabia que o Pepê já tinha jogado como lateral no Porto. Também sabia que o João Mário estava a jogar sempre, e que vinha de uma sequência em que tinha faltado alguns jogos, por isso achei que precisava de ter descanso para chegar às melhores condições ao jogo com a Roma. O Gonçalo Borges podia ter feito a posição, mas tinha disputado os 90 minutos com a Roma, por isso entendemos que o Pepê era o que estava mais fresco para poder cumprir essa função. Ainda assim, não o vejo aí. Vejo-o por dentro, porque é um jogador que tem capacidade de girar, para receber perfilado, para se colocar de frente com muita facilidade, para tirar adversários do caminho. Se tivesse de imaginá-lo nas alas, vejo-o mais do lado esquerdo, com pé trocado, que à direita. Mas como sabia que ele já tinha jogado a lateral, e como isto é um trabalho de equipa, e a equipa está sempre acima do individual, tocou-lhe fazer uma posição em que nem ele nem eu o imaginamos.
Seca dos pontas de lança
O importante é que a equipa marque. Queremos ganhar e para ganhar é preciso marcar golos - tanto nos faz quem os marca. Já vivi situações em que o ponta de lança passou um semestre sem fazer golos e no semestre seguinte foi o melhor marcador da equipa. Também já me aconteceu um semestre em que não fez golos e no seguinte foi o melhor marcador do campeonato. Estou bem ciente das capacidades e da classe de jogadores que são os meus avançados, e a qualidade que eles têm. A partir daí, entendo que marcar ou não, muitas vezes, é produto de um montão de coisas. Mas estou tranquilo com a qualidade que eles têm, como jogadores. São fases que a qualquer momento se quebrarão e, quando se abre a baliza, entram todas as que, quando estava fechado, não entravam. Enquanto a equipa criar oportunidades de golo e trabalhar para marcar, não estou preocupado.
Palavras de Ranieri sobre a arbitragem
Vou ser sincero, não vi as declarações [de Ranieri]. Não gosto de opinar sobre algo que não vi. Li, isso sim. Mas quando se lê, sei que as coisas são tiradas do contexto. Nos títulos não conta muito a forma. Também sei que [Ranieri] é um treinador super experiente, que sabe o que está em jogo e que pode criar um contexto em que condiciona algumas decisões do árbitro. A única coisa que eu quero é justiça, não gosto que me ofereçam nada. Desde que se apite o que se tem de apitar e que o árbitro faça o seu trabalho, é-me igual. Não quero que me inventem nenhum cartão vermelho ao adversário, nenhum penálti a favor nem nada que não existe. Querem que me dêem o que existe, mais nada. Amanhã, espero que, mais além desse ruído, desse preâmbulo e de todos esses condimentos que se criaram, vivamos um jogo em que o árbitro seja justo.
Vai introduzir novidades?
Acredito sempre que há coisas para corrigir. E não só corrigir, também modificar, porque, se fizermos exatamente o mesmo que fizemos no primeiro jogo, não estaremos a tirar vantagem do fator surpresa. Nesse sentido, gosto dos jogos a eliminar, porque os pequenos detalhes que se podem modificar para o segundo jogo podem fazer a diferença.
Claudio Ranieri disse que será um jogo de 50-50
Isso de percentagens... Não sei, não gosto nada dessas coisas. Pela frente temos um adversário como a Roma, com toda a sua história, em sua casa, com a sua gente e com um plantel impressionante. Deste lado, está o Porto, com toda a sua história, com a sua gente e com um plantel com muita fome, é impressionante. Devolvo-te os 50-50, Ranieri.