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FC Porto

Villas-Boas: "Resolvido o problema pai em relação ao Vítor Bruno, Francisco Conceição poderá regressar"

26 mar, 2025 - 09:25 • Eduardo Soares da Silva

Em entrevista ao jornal "O Jogo", presidente confirma ordenados em ataso em novembro, detalha a situação financeira do clube, mantém objetivo de apuramento para a Liga dos Campeões e abre a porta à integração de Pepe na estrutura.

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André Villas-Boas, presidente do FC Porto, revela ao jornal "O Jogo" que o clube teve ordenados em atraso no mês de novembro e que a situação financeira do clube e SAD está mais estabilizada. No plano desportivo, assume o mau rendimento na época, explica saída de Vítor Bruno e prevê possível reintegração de Francisco Conceição na próxima temporada.

Perto de cumprir um ano desde que foi eleito presidente dos dragões, Villas-Boas foi questionado se os adeptos compreendem a falta de sucesso desportivo com a prioridade de salvar financeiramente o clube.

"Acho que há adeptos que olham para a situação em que o FC Porto se encontrava e conseguem enquadrá-la no tempo e projetá-la no futuro, conseguem perceber que o FC Porto, enquanto clube de associados, deixaria de existir. Chegámos a uma situação, em novembro, de desespero absoluto, tínhamos salários em atraso nas modalidades, no futebol e nos funcionários", revela.

Nesse sentido, Villas-Boas destaca a renegociação da dívida que aconteceu nesse mês com o negócio da Dragon Notes, que implicou um encaixe de 115 milhões de euros junto de investidores americanos.

"O FC Porto, neste momento, não deve nada aos seus jogadores e aos funcionários, tem os salários todos em dia, não deve nada a clubes, recomprou parte dos direitos televisivos que estavam antecipados até 2028, tem ideia de recomprar ainda mais dívida associada aos direitos televisivos e isto é difícil projetar na cabeça de um associado", continua.

Villas-Boas garante que o clube "ainda não pode dizer que está totalmente a salvo", destacando a "diferença fundamental" no encaixe financeiro entre a participação na Liga dos Campeões ou Liga Europa, dependente ainda do fecho da temporada.

"Atrevo-me a dizer que ela [subsistência do clube] está garantida, também, com o emagrecimento do FC Porto e o redimensionamento do grupo. Tudo isto são vitórias, ainda falta um caminho longo para dizermos que o FC Porto está saneado financeiramente na totalidade, mas demos grandes passos", prossegue.

Vítor Bruno com atenuantes, Anselmi garantido em 2025/26

Em balanço ao seu primeiro ano na liderança do FC Porto, Villas-Boas reconhece que "no âmbito desportivo, não estamos no patamar que é reconhecido, chegamos a março numa posição desconfortável."

"Não dependemos de nós na obtenção do objetivo mínimo que seria a Liga dos Campeões e para sonhar com o título dependemos de um número elevadíssimo de fatores", assume.

A meio da época, o clube demitiu o treinador Vítor Bruno e André Villas-Boas detalha que houve "uma quebra de confiança evidente entre jogadores e treinador, o que nos levou a tomar uma decisão."

Ainda assim, André Villas-Boas acredita que Vítor Bruno "é um excelente treinador e triunfará": "Já muitos treinadores do FC Porto saíram sem sucesso e são considerados referências, como Luís Castro e Nuno Espírito Santo. Não tenho dúvidas que o Vítor chegará a esse patamar".

Acrescenta uma atenuante ao fracasso do ex-treinador: "Acabou por viver um momento de turbulência enorme, pela mudança de presidente e do treinador mais vitorioso de sempre no FC Porto como era Sérgio Conceição."

O argentino Martín Anselmi sucedeu a Vítor Bruno, um treinador "de ideias inovadoras e vincadas, altamente trabalhador, com um futebol muito próprio, que obriga a um espaço de adaptação que é este em que estamos a viver, em que vimos mudanças profundas."

Villas-Boas acredita que Anselmi "chegaria em breve à Europa" e que o FC Porto apenas "se antecipou e projetamos ser um dos próximos grandes treinadores do futebol europeu", garantindo, "em absoluto", que o argentino será o treinador dos dragões na próxima época, independentemente do desfecho da presente temporada.

O FC Porto está no terceiro lugar do campeonato, a nove pontos do líder Sporting e a seis do Benfica, que tem menos um jogo disputado. Apenas os dois primeiros classificados se apuram para a Liga dos Campões e André Villas-Boas ainda ambiciona lá chegar.

"Não dependemos de nós, infelizmente. Digamos que nos pusemos a jeito. Cabe-nos a responsabilidade de ganhar os nossos jogos e terminar bem esta época, vendo depois o que sai desses confrontos diretos entre Benfica, Sporting e Braga, para ver se conseguimos terminar num lugar mais alto do que estamos", explica.

Francisco Conceição pode regressar, "resolvido o problema pai"

Já com olho na próxima época, Villas-Boas diz que o Porto "felizmente tem" pujança para atacar o mercado no verão, depois de dois mercados de transferências com muito encaixe em vendas de jogadores. "Agora podemos abordar o mercado de outra forma", diz.

Francisco Conceição está emprestado à Juventus e poderá ser reintegrado na equipa. Villas-Boas revela que teve "conversas muito informais" com o clube italiano em janeiro, sem "indicação clara", reconhecendo que a troca de treinador na "Vecchia Signora" pode impactar uma decisão.

Acrescenta que o regresso pode ainda ser impulsionado por estar "resolvido, de certa forma, o problema pai em relação ao Vítor Bruno" e, por isso, "tem todas as condições de voltar ao FC Porto".

Nico González e Galeno renderam mais de 100 milhões de euros no mercado de janeiro. A saída do médio para o Manchester City "era inevitável", segundo o presidente portista.

"Corríamos o risco de o perder por 30 milhões para o Barcelona. A partir do momento em que soubemos da proposta do City, que infelizmente se deu apenas a três dias do final do mercado, jamais iríamos vender abaixo da cláusula. A proposta de 45 chegou aos 60 milhões e foi aí que tivemos de concluir o negócio. Foi a nossa grande perda", lamenta.

Já Galeno "não estava ao nível que nos habituou e que tardava em chegar."

André Villas-Boas abre ainda as portas à integração de Pepe na estrutura, um convite que já tinha sido feito quando assumiu a presidência.

"Não só o Pepe ainda não se sentia preparado e qualificado, como também não tinha tomado uma decisão relativamente à sua carreira. As portas do FC Porto estão abertas e ele sabe perfeitamente disso. Eu gostava muito que essa despedida envolvesse, por exemplo, um FC Porto-Real Madrid ou um FC Porto-Portugal. Fiz questão de lhe dizer isso", explica.

Acrescenta que "no caso da sua saída do FC Porto também haja uma ferida aberta que não ficou colmatada, nem eu espero resolver com as minhas palavras. O Pepe representa e representou muito mais para o FC Porto como jogador do que eu representei enquanto treinador. Tem aqui uma história relacionada com o FC Porto no futuro que será grande da forma que ele desejar. As portas estão abertas para ele, para a sua despedida, como estão abertas para o Sérgio [Conceição]."

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