15 fev, 2024 - 12:15 • Pedro Castro Alves , Hugo Tavares da Silva
Os fantasmas à volta dos relvados sintéticos têm barbas. A lesão de Hugo, o central que partilhou balneário com Ortega em Itália, no 1.º Dezembro-Sporting de 2003 foi talvez a primeira grande publicidade negativa daquele relvado a fingir. Os futebolistas odeiam-no, os treinadores temem-no. Mas porquê?
“Tem sempre um impacto mental nos jogadores, definitivamente eles não gostam de jogar em piso sintético”, garante Nuno Presume, comentador Bola Branca e experiente treinador com passagens em vários sintéticos brasileiros.
“O receio aumenta, o fator inibitório é superior também devido à quantidade de lesões, é um dado, é sabido, acontecem em número maior”, continua. “Há uma proteção dos jogadores sobretudo nas acelerações e desacelerações, isso tem um impacto enorme no ritmo do jogo. O Sporting vai jogar contra uma equipa que gosta de pressionar e de pressionar alto, isso pode inibir os jogadores portugueses.”
A reflexão do técnico navega também para a natureza técnica do jogo. “O rolar da bola, o impacto da bola no solo, é substancialmente diferente”, explica. “O sintético do Young Boys é um bom sintético, comparativamente aos que conheço no Brasil. Os do Athletico Paranaense e Palmeiras não são muito apelativos, já o do Botafogo, pela primeira vez, os jogadores até tiveram algum prazer em jogar lá. Mas as diferenças são substanciais e a equipa que joga em sintético está sempre em vantagem perante aquela que treina e joga em relva natural.”
É por isso que Nuno Presume entende que Rúben Amorim dê descanso a homens como Sebastián Coates, lembrando que quem está mais perto da fadiga está mais perto da lesão. “O sintético tem um impacto imenso, quer a nível articular, quer a nível muscular. O Rúben Amorim terá algumas cautelas. A vida não acaba hoje [quinta-feira], o Sporting tem de olhar para o futuro imediato. O campeonato é a prioridade, apesar de eu entender que Sporting, Benfica e Braga devem jogar muito da sua época nesta competição.”