03 jan, 2017 - 02:05
O primeiro-ministro, António Costa, superou as expectativas do jornal britânico “Financial Times” (FT), que fez um balanço do primeiro ano de Governo português apoiado pela esquerda.
O correspondente em Lisboa, Peter Wise, escreve que António Costa tem “níveis de popularidade que outros líderes de centro-esquerda na Europa apenas podem sonhar”.
O chefe do Governo, refere, tem “incontestavelmente registado um desempenho que superou as previsões iniciais para o seu Governo de minoria socialista, que depende dos votos parlamentares dos radicais do Bloco de Esquerda e da linha dura do Partido Comunista”.
Peter Wise destaca que a solução governativa tem conseguido resistir às previsões mais pessimistas.
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, alertou para uma “casa em chamas”, mas até ao início de 2017 ainda “não houve fogo”, sublinha.
A “aliança anti-austeridade” liderada por António Costa mantém-se “firme”, acrescenta o “Financial Times”.
O Governo português garantiu a aprovação dos Orçamentos do Estado de 2016 e 2017 pelas instituições europeias, evitou sanções e vai atingir o défice mais baixo em mais de 40 anos de democracia, salienta o jornal económico. Pelo meio, ainda conseguiu baixar a taxa de desemprego.
As principais questões e obstáculos de Portugal prendem-se com o crescimento económico modesto, “muito pouco para tornar sustentável” uma das dívidas públicas mais elevadas da Europa em percentagem do PIB, cerca de 130%.
O correspondente do FT recorda a reversão de algumas medidas de austeridade, como o regresso das 35 horas na função pública, para alertar que Portugal pode estar no caminho errado para o crescimento.
E recupera uma afirmação do economista-chefe do banco Berenberg, Holger Schmieding: “infelizmente, esta é a forma errada para atrair investimento suficiente para colocar a economia a crescer a um ritmo próximo de, por exemplo, Espanha”.
Na sua primeira mensagem de Ano Novo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu ao Governo uma estratégia que conduza Portugal a um "crescimento sustentado" e salientou que a economia nacional tem que "crescer muito mais".
O ano passado “foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro “, 2017 “tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.