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Taxas do aço. Empresários mais preocupados com Bruxelas do que com Trump

10 fev, 2025 - 19:00 • Pedro Mesquita

Associação garante que indústria “não é minimamente afetada” pelas taxas de 25% às importações, anunciadas pelo presidente norte-americano. Mas alerta para as taxas que Bruxelas quer aplicar ao aço importado da China.

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Entrevista a Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins
Ouça a entrevista a Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins. Foto: Francis Chung / Pool/EPA

Donald Trump anunciou esta segunda-feira que os Estados Unidos vão aplicar uma taxa de 25% sobre as importações de aço e de alumínio, mas os empresários portugueses do setor estão muito mais preocupados com a taxa de 25% que a Comissão Europeia pretende aplicar ao aço importado da China.

"Caminhamos para o suicídio da nossa economia", diz à Renascença o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalurgicos, Metalomecânicos e Afins (AIMMAP), Rafael Campos Pereira, que avança que a Bruxelas não produz aço em quantidade suficiente para abastecer “nem 5% da produção das indústrias metalúrgicas e metalomecânicas europeias”.

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Apreensivo, o responsável da associação de industriais metalúrgicos diz não ter dúvidas de um caminho de colapso da economia.

“Se a Comissão Europeia taxar à China a aquisição de matérias-primas (importadas da China) e, ao mesmo tempo, não taxar os produtos chineses que vêm, por exemplo, através da Turquia, evidentemente que qualquer dia não conseguimos competir minimamente com os produtos chineses e do Oriente. Caminhamos para o suicídio da nossa economia”, lamenta.

Sobre as novas tarifas anunciadas por Donald Trump, Rafael Campos Pereira assegura que só teriam um real impacto para as empresas portuguesas do sector, se fossem aplicadas não só à matéria prima - ao aço - mas também aos produtos transformados, o que é pouco provável: "Se fossem aos produtos transformados, aí seria inquietante. Mas aquilo que se perspetiva é que, eventualmente, seja aplicado ao aço".

Assim, conclui, a indústria metalúrgica e metalomecânica portuguesa “não é minimamente afetada” pela aplicação dessas taxas. Neste momento, segundo o responsável, cerca de 2,5% das exportações portuguesas são para os Estados Unidos - mil milhões de euros entre 24 mil milhões de euros de exportações para todo o mundo.

A preocupação está, assim, nas taxas europeias que vão ser aplicadas à compra de aço à China - e que deverão ter efeitos retroativos a novembro.

“Isso vai afetar muito mais as nossas empresas, os nossos trabalhadores e o nosso emprego do que as taxas da administração Trump. É um tiro nos pés completo”, atira.

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