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Mira Amaral: "Estamos a pagar três vezes mais pela energia eólica"

29 mar, 2025 - 12:00 • Sandra Afonso , Arsénio Reis

Em entrevista à Renascença, Mira Amaral deixa críticas ao Chega e ao BE, responsabiliza os líderes do PSD e do PS pela queda do governo e diz que o Presidente da República estava obrigado a anunciar novas eleições. Luís Montenegro cometeu um “lapso” e o Ministério Público afasta as elites da política, diz o antigo ministro de Cavaco Silva. Mira Amaral avisa ainda que a queda do governo compromete a privatização da TAP e a execução do PRR. Reconhece que do PS também chegam boas medidas, mas não na área da energia, que continua cara devido à política socialista para as renováveis.

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Dúvidas Públicas com Mira Amaral
Dúvidas Públicas com Mira Amaral

O social-democrata e antigo ministro Luís Mira Amaral confessa que tem hoje “barreiras higiénicas de proteção” em relação ao PSD. O antigo ministro de Cavaco Silva não esquece a promessa não cumprida de Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite de que chegaria à presidência da CGD, um episódio que o fez cortar relações com ambos. Hoje, diz estar "disponível no partido q.b.", só para os amigos, e mantém a agenda livre.

Em entrevista ao programa Dúvidas Públicas, da Renascença, Mira Amaral sai em defesa de Luís Montenegro, que considera ter cometido “uma pequena gafe”, “um pequeno lapso” com a empresa familiar, mas que não tem “nada de ilegal” e até se compreenderia se fosse engenheiro.

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Já ao Chega não poupa nas críticas, na sequência dos últimos cartazes, em que o partido acusa Montenegro de corrupção, colocando-o ao lado de José Sócrates. Segundo Mira Amaral, André Ventura “dá um tiro nos pés” com esta ação, queima possíveis alianças futuras com o PSD, eventualmente liderado de novo por Passos Coelho.

Mira Amaral lamenta ainda que PS e PSD não se tenham entendido para evitar novas eleições e avisa que o mais provável é que as próximas legislativas não alterem o atual quadro e venta até a ser mais difícil formar governo, porque os líderes dos maiores partidos estão ainda mais distantes.

Sobre a atuação do Presidente da República, Mira Amaral defende que, em linha com anteriores decisões, Marcelo estava de certa forma obrigado a anunciar novas eleições. No entanto, devem ser retiradas lições: para o antigo ministro, é preciso procurar soluções no quadro parlamentar antes de derrubar os governos, à semelhança do que acontece no Reino Unido.

Sobre o Bloco de Esquerda, Mira Amaral vê o partido de Mortágua “aflito”, com medo de perder votos para o PS, facto que motivou a recuperação de nomes do passado.

Para Mira Amaral, seria preciso "sangue novo" na política, mas as elites já não estão interessadas. Hoje ,chegam a ministros os “jotinhas”, que fazem carreira partidária, com menos formação e sem experiência profissional. O Ministério Público também é responsável pela fuga dos melhores da política, diz o antigo ministro.

No plano económico, Mira Amaral, que é engenheiro e economista, avisa que a queda do governo terá implicações, travando umas medidas e dificultando a execução de outras. Um dos exemplos é a privatização da TAP, que foi mais uma vez adiada. Mira Amaral defende que pode perder-se a oportunidade para este negócio.

Já com o PRR, não se mostra tão preocupado. Admite que as novas eleições vão dificultar a execução, porque o governo em gestão nunca tem a mesma capacidade de decisão, mas diz que a execução já estava comprometida desde o início, porque foi mal planeado pelo governo de António Costa.

Mira Amaral vai ainda mais atrás no tempo e responsabiliza outro governo socialista, o de José Sócrates, pelas faturas elevadas da energia. O antigo ministro explica que pagamos três vezes mais pela energia eólica porque foi contratada quando a tecnologia ainda estava em desenvolvimento. Só depois de 2032, quando terminarem os atuais contratos, se podem esperar por alívios nos preços.

Para o antigo ministro também é importante proteger o "cluster" automóvel, que está a adaptar-se no país aos veículos elétricos. Já montamos estes carros e produzimos baterias... Agora, é preciso garantir a exploração de lítio em Portugal.

Mira Amaral apoia que se revisite o relatório Porter, como defende o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e diz que isso não invalida que se continuem a executar medidas, como receiam os empresários.

Na Defesa, Amaral defende que a Europa tem de se habituar a produzir com uma dupla finalidade - civil e militar - como já fazem há muito tempo os americanos. Tem ainda de produzir de forma coordenada.

Mira Amaral, engenheiro, economista, antigo ministro do Trabalho e antigo Ministro da Indústria e Energia de Cavaco Silva, ex-administrador BPI, ex-vice-presidente da CGD, ex presidente do BIC - é o entrevistado, este sábado, do programa da Renascença Dúvidas Públicas, que pode ouvir em antena entre as 12h00 e as 13h00 ou em qualquer altura em podcast, no Youtube ou na App.

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