07 abr, 2025 - 14:56 • Ana Kotowicz
A Europa prefere o diálogo, mas isso não quer dizer que não responda, com força, às taxas aduaneiras. E como prova dessa boa vontade, Ursula von der Leyen diz que a união está disponível para negociar tarifas zero sobre bens e produtos industriais com os Estados Unidos.
A ideia, claro, é que a taxa zero seja válida para os dois lados, explicou a presidente da Comissão Europeia em conferência de imprensa, em Bruxelas. Von der Leyen falou aos jornalistas pouco antes de um outro briefing, esse no Luxemburgo, e que se seguiu à reunião do Conselho dos Negócios Estrangeiros, onde Portugal é representado pelo secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira.
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"Estamos prontos para negociar com os Estados Unidos", disse Von der Leyen. "Aliás, oferecemos tarifas zero para os bens industriais como já fizemos, com sucesso, com outros parceiros comerciais."
A Europa está sempre pronta para "bons negócios" e, por isso, "a proposta está em cima da mesa", esclareceu a presidente da Comissão Europeia.
"Mas também estamos prontos para responder com contramedidas e defender os nossos interesses", afirmou Von der Leyen, uma ideia que tem sido defendida por vários líderes europeus.
A 2 de abril, Donald Trump anunciou o valor das taxas impostas pelos Estados Unidos aos produtos importados de vários países (com diferentes valores), naquilo a que o Presidente norte-americano chamou de Dia da Libertação.
Pouco depois de Ursula von der Leyen falar, a imprensa norte-americana avançava que a administração Trump estava a ponderar fazer uma pausa de 90 dias na imposição de taxas, notícia rapidamente desmentida pela Casa Branca: "Fake news."
O comissário do Comércio, Maroš Šefčoviča, repetiu, no Luxemburgo, aquilo que a presidente da Comissão Europeia já tinha dito sobre negociação de tarifas zero com os Estados Unidos. De resto, alertou para o perigo de uma guerra comercial a nível planetário.
“É muito claro que não há vencedores, e isso foi enfatizado por todos os estados-membros. Todos nós preferiríamos uma solução negociada que nos afastasse da potencial guerra comercial que pode levar à perda de empregos, levar à perda de riqueza”, defendeu. No encontro, frisou, a mensagem que saiu foi de "unidade".
Quanto às negociações com os EUA, o comissário diz que estão num estágio inicial. E assume que não serão fáceis, já que os norte-americanos encaram as taxas aduaneiras como "uma medida corretiva", e não como uma "medida tática".
“Embora a UE permaneça aberta e prefira fortemente as negociações, não iremos ponderar indefinidamente até vermos um progresso tangível”, acrescentou, dizendo que já há uma “lista robusta de contramedidas” para o aço e o alumínio, desenhada depois de terem sido auscultados mais de 600 atores do setor.