08 abr, 2025 - 22:31 • Lusa
O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP) pediu ao Governo uma redução da carga fiscal, para melhorar a competitividade das empresas portuguesas face à implementação das tarifas dos EUA e disse que espera celeridade nas medidas de apoio.
Em declarações à Lusa, Luís Miguel Ribeiro disse que a AEP, que se reuniu esta terça-feira com o ministro da Economia, Pedro Reis, "apresentou um conjunto de preocupações que foram manifestadas num inquérito" que fez às suas associadas e que "colocam em primeiro lugar" a necessidade de "uma linha reforçada de apoio à internacionalização e às exportações".
Em segundo, querem um "apoio e um reforço de instrumentos de apoio ao seguro de crédito e ao financiamento, uma linha de financiamento para as exportações" e, em terceiro, "colocam a questão dos recursos humanos, nomeadamente a requalificação e apoio à contratação".
"Em quarto lugar, que é transversal a tudo isto, uma redução da carga fiscal para que o desafio da competitividade não seja ainda maior, porque de facto Portugal tendo uma carga fiscal superior a outros países tem sempre esta dificuldade acrescida", destacou.
Segundo o dirigente associativo, o ministro deu nota de que "a estratégia da União Europeia vai ser em primeiro lugar e sempre negociar, não retaliar".
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Além disso, indicou, o governante referiu que "o compromisso é acelerar as medidas que já estavam no programa "Acelerar a Economia" e que um novo pacote que irá ser colocado à disposição das empresas", disse, esperando que seja "com muita celeridade".
O presidente da AEP indicou medidas como garantias do Banco de Fomento e o reforço e uma bonificação do "plafond" de seguros de crédito, para "exportar, procurar novos mercados, diversificar mercados", bem como um "reforço da intensificação e da agilização da utilização das linhas do Portugal 2030 para apoio à internacionalização".
Para Luís Miguel Ribeiro há um alinhamento das preocupações das empresas com o Governo, indicando que o ministro garantiu que "isto seria uma prioridade e que seria tratado como tal, e que a palavra-chave naquilo que ia ser a atuação do Ministério da Economia seria "acelerar"".
O Governo está a preparar um plano "robusto" com medidas para apoio às empresas, no contexto das tarifas aplicadas pelo Presidente Donald Trump, disse à Lusa o presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal.
Segundo Mário Jorge Machado, que esteve reunido com o ministro da Economia, Pedro Reis, no âmbito de vários encontros com associações empresariais, o Governo está "a avaliar a situação com muita atenção" e a "desenhar um plano muito robusto de uma série de medidas para apoiar os setores da indústria, incluindo o têxtil e vestuário".
"O ministro transmitiu muita confiança de que brevemente vai apresentar um conjunto de medidas bastante abrangentes, desde a parte da formação, internacionalização, ajudas à exportação", indicou, apontando que as empresas estão "a atravessar um momento muito complexo a nível daquilo que são os bens transacionáveis, nomeadamente aquilo que são bens industriais".
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O presidente da ATP admitiu que o setor tem "muita exposição ao mercado americano, de uma forma direta e indireta, porque Portugal para os Estados Unidos exporta perto de 500 milhões de euros", mas vende também "para a Europa muitos produtos" para "marcas europeias, italianas, francesas e escandinavas", que depois vão para os Estados Unidos.
Questionado sobre medidas concretas, o dirigente associativo indicou que o governante "disse que [as] iria anunciar brevemente", mas que ainda estava a ouvir outras associações.
Segundo Mário Jorge Machado, não foram ainda divulgados os montantes envolvidos, acrescentando que poderá haver "algum aspeto que pode envolver ajudas de Estado, e, portanto, a Comissão Europeia também terá de ser envolvida".
O Ministério da Economia vai reunir-se com associações empresariais de diversos setores entre esta terça e quarta-feira para avaliar "o impacto e as medidas de mitigação" das tarifas que o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira, de 20% a produtos importados da União Europeia e que acrescem às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.
As novas tarifas de Trump são uma tentativa de fazer crescer a indústria dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que punem os países por aquilo que disse serem anos de práticas comerciais desleais.
As novas tarifas foram impostas pelos Estados Unidos sobre todas as importações, com sobretaxas para os países considerados particularmente hostis ao comércio.