30 out, 2018 - 13:17 • João Fonseca e Ricardo Fortunato
João de Deus é um treinador no desemprego e "sem subsídio". Neste hiato entre um projeto que terminou abruptamente e outro que aguarda com ansiedade, procura continuamente atualização e conhecimento.
Estar desempregado é estar do "lado de fora", sem ter um destino diário, a não ser o isolamento de um escritório de sua casa e os jogos que acompanha. Seja no computador ou na bancada de um estádio, o treinador prepara o regresso à atividade com o telemóvel sempre por perto.
Um "companheiro" que, nestas alturas, costuma trazer boas notícias. Curiosamente, durante a entrevista de João de Deus a Bola Branca, resolveu dar um ar da sua graça.
"A relação com o telemóvel é sempre boa [toca o aparelho que estava na mesa mesmo ao lado de João de Deus, que se ri]". Sai logo a pergunta: "Será um convite?". Se era, ficou para mais tarde, porque perante esta coincidência, o treinador admite que está "sempre à espera que o telefone toque".
Enquanto o toque tarda, pensamento positivo
A realidade é que nem sempre este é um processo que se resolve rapidamente. Enquanto não se abre um novo ciclo, o desemprego obriga João de Deus a olhar positivamente para o futuro.
"Não há lugar a medos", esclarece, perante a incerteza de um regresso rápido. Acima de tudo, a vontade e a crença nas suas capacidades dá lugar "à ambição, aos sonhos e a convicções".
Sem clube para trabalhar, o treinador não deixa de marcar presença nos estádios de futebol. Isto porque, como explica, "é um perspectiva completamente diferente" daquela que tem, quando comparado com o visionamento feito através de um monitor de computador ou na televisão.
A família dá equilíbrio e faz lembrar Portugal
João de Deus aproveita, também, estes tempos para estar mais tempo com os filhos, admitindo que, do ponto de vista emocional, ajuda no equilíbrio familiar. Mas esta felicidade é o pilar para a profissional:
"Dê-me um campo, uma equipa para liderar e com certeza que estou muito mais satisfeito".
O treinador teve passagens por Gil Vicente, Sporting B, Nacional da Madeira, Cabo Verde, Espanha e Índia. Embora esteja disponível para voltar ao estrangeiro, João de Deus dá prioridade ao mercado português - e pode "ser já" e não apenas no final da temporada.
Enquanto "não chega a hora", o técnico alimenta o sonho de um dia "chegar ao topo" do futebol português. João de Deus, de 41 anos, é um treinador de futebol no desemprego "à espera que o telefone toque".