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Crise na habitação no Porto. "Ela quer a casa, eu tenho de mudar, mas não sei para onde"

18 mar, 2025 - 09:30 • Ana Fernandes Silva

Irmina Gonçalvez, tem 70 anos, vive na freguesia de Ramalde. Tem uma data para deixar a casa onde vive há 22 anos, mas "não tem por onde resolver".

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É difícil para Irmina Gonçalves ver a luz ao fundo do túnel.

"Eu não me lembro de ter uma época em que é preciso resolver um problema e não tem por onde resolver", lamenta.

As portas do apartamento onde vive com a irmã há mais de duas décadas, na freguesia de Ramalde, vão fechar de vez.

A proprietária "pediu o apartamento e eu tenho que sair em março de 2027. Ela quer a casa, eu sei que ela tem o direito de ter a casa, mas eu tenho que mudar, não sei para onde", conta.

Irmina tem 70 anos, nasceu no Brasil, mas vive em Portugal há 25 anos. Está reformada e vive com a irmã, doente oncológica, que viu o seu estado de saúde agravar-se devido às condições precárias da habitação.

"Tem muito mofo, tem infiltração por causa do teto que é o último andar, estou com problemas de infiltração na casa de banho, que está a afetar o andar de baixo", tendo a irmã que dormir "na sala por enquanto, por causa do problema de saúde nos pulmões", explica Irmina Gonçalves.

O medo da incerteza do futuro

"A noite é quando custa mais" e o sono desvanece praticamente todas as noites. A reforma não chega até o fim do mês e, por isso, pagar uma renda no atual mercado imobiliário não é a solução.

"Quando (a reforma) chega começo a pagar tudo, pago tudo o que estou a dever para não ter problemas. Aí o que sobra a gente vai guardando, vai deixando, vai usando", revela.

Irmina recorre "a um cartão de crédito antigo". Paga e usa "e assim vamos fazendo uma música", numa batida melancólica com altos e baixos, o dia-a-dia dos mais velhos não tem sido animador.

À Renascença, Bernardo Alves, coordenador do Movimento Habitação Hoje, revela que no último ano têm sido cada vez mais os casos de despejos na cidade do Porto.

"Temos lidado com alguma frequência, neste último ano, que passou, principalmente, com situações de despejos de pessoas idosas. E o que acontece é que estas pessoas muitas vezes têm rendas baixas e os senhorios, face à possibilidade de terem mais lucro com aquele imóvel, fazem o despejo para cobrar mais de renda", alerta.

A crise na habitação está a comprometer a qualidade de vida dos mais velhos e não há sinais de melhoria.

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  • José Monteiro
    18 mar, 2025 Lisboa 21:17
    A Economia Portuguesa cresce, tal como a miséria extrema!

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