03 fev, 2018 - 17:40
O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirma que o relatório republicano demonstra que "não houve conluio nem obstrução" à investigação judicial sobre a alegada interferência russa nas eleições para a Casa Branca.
"Este memorando inocenta totalmente 'Trump' no inquérito. Mas a caça às bruxas russa continua", afirmou o Presidente dos EUA, numa mensagem publicada na rede Twitter, em que fala de si próprio na terceira pessoa.
Trump acrescenta que "não houve conluio nem obstrução (a palavra que é agora usada, após um ano a procurar continuamente sem encontrarem NADA, conluio morreu)".
"Isto é uma vergonha americana", lamenta o Presidente norte-americano, que está a passar o fim de semana no seu clube de golfe em Palm Beach (Florida).
This memo totally vindicates “Trump” in probe. But the Russian Witch Hunt goes on and on. Their was no Collusion and there was no Obstruction (the word now used because, after one year of looking endlessly and finding NOTHING, collusion is dead). This is an American disgrace!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 3 de fevereiro de 2018
O relatório em questão - que o Presidente desclassificou esta sexta-feira, contrariando as advertências do FBI (polícia federal) e do Departamento de Justiça norte-americano - foi preparado pelos republicanos da Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes, presidida pelo republicano luso-descendente Devin Nunes. FBI e Justiça investigam as alegadas ligações e conluio entre o Governo russo e elementos de topo da campanha de Trump.
O documento baseou-se em informação classificada (secreta) e alega que o FBI (agência federal) abusou dos seus poderes de vigilância no decorrer da investigação à alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.
Ao permitir a publicação deste documento, parcial e tendencioso, de acordo com especialistas independentes, Trump causou a indignação da oposição democrática, que ameaçava com o espectro de uma crise constitucional.
A líder democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, pediu mesmo ao presidente daquele órgão legislativo, o republicano Paul Ryan, que afastasse Devin Nunes, um aliado de Trump, da presidência da Comissão de Serviços Secretos, devido às presumíveis modificações do documento.
Segundo vários meios de comunicação, o relatório secreto alega que o ex-espião britânico que escreveu um famoso dossiê cheio de pormenores sórdidos sobre Trump, Christopher Steele, deu informações erradas ao FBI.
Com base nessa informação, na primavera de 2017, o FBI decidiu aumentar as suas atividades de vigilância sobre Carter Page, que até setembro de 2016 assessorou a equipa da campanha presidencial de Trump em matéria de política externa, por suspeitar de que era um agente russo.
Rod Rosenstein, o "número dois" do Departamento de Justiça norte-americano, que tinha autoridade sobre a investigação da polícia federal acerca da ingerência russa nas presidenciais dos Estados Unidos, pediu então a um juiz para fazer essa espionagem.
O memorando republicano acusa Rosenstein e o FBI, de acordo com a imprensa, de não terem informado corretamente o juiz que autorizou a operação de vigilância sobre os motivos para pedi-la.
A oposição democrata teme que o Presidente use o relatório como uma desculpa para demitir Rosenstein e, posteriormente, o próprio procurador do ministério público que está a investigar o caso da conspiração russa, Robert Mueller.