19 nov, 2018 - 10:20
O presidente da Nissan e da Renault, Carlos Ghosn, está a ser interrogado em Tóquio, no Japão, onde foi detido por suspeitas de fraude fiscal. O presidente-executivo das duas marcas de automóveis terá declarado um salário inferior ao que realmente ganha.
Segundo o jornal japonês "Asahi", os investigadores começaram, esta segunda-feira, a fazer buscas na sede da Nissan e noutras instalações.
A televisão pública NHK e a agência noticiosa japonesa Kyodo News também apontam que Ghosn, que ocupa o cargo de presidente e CEO da empresa francesa Renault, ficará detido.
A Nissan já respondeu, dizendo que iria falar aos jornalistas esta segunda-feira à noite. Porta-vozes para a Renault e para a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors ainda não comentaram a notícia da detenção de Carlos Ghosn.
As ações nas duas empresas dirigidas pelo empresário caíram drasticamente. Em Paris, a Renault caiu 13 pontos percentuais e na Alemanha, a Nissan caiu 12% na bolsa.
Ghosn, nascido no Brasil. descendente de libaneses e de cidadania francesa, é conhecido por ter virado a Nissan do avesso, numa altura em que a empresa estava perto da falência. Começou a carreira na Michelin, em França, saindo mais tarde para a Renault.
Em 1999, juntou-se à Nissan depois da Renault ter comprado uma boa parte das ações dessa empresa e passou a CEO da automobilística japonesa em 2001, cargo que ocupou até ao ano passado.
Em junho, os accionistas da Renualt aprovaram as compensações salariais de Ghosn, num valor de 7.4 milhões de euros. Além disso, recebeu 9.2 milhões de euros no seu último ano como chefe-executivo da Nissan, onde continou como presidente.
Nissan promete colaborar
Numa nota no seu site, a Nissan disse que um informante anónimo da empresa fez uma investigação interna durante vários meses, para apurar a fraude fiscal de dois dirigentes, um deles Carlos Ghosn. O outro suspeito de fraude fiscal é o diretor Greg Kelly, também ele representante da empresa.
Segundo a Nissan, Ghosn e Kelly não declararam corretamente as suas compensações salariais aos acionistas da empresa.
A empresa japonesa afirmou que está a "providenciar informação ao Ministério Público japonês e tem estado a cooperar com a sua investigação. E continuará a fazê-lo". Pediram ainda desculpa aos acionistas pelo sucedido.
Ghosn é também suspeito de usar dinheiro da empresa para uso pessoal, assegura a nota da Nissan.
Hiroto Saikawa irá assumir o cargo de CEO da Nissan e, avança a empresa, irá propôr aos acionistas o despedimento da direção de Ghosn e Kelly.