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Ex-presidente da Nissan quebra silêncio após fuga do Japão. "Nunca devia ter sido preso"

08 jan, 2020 - 14:53 • Redação com agências

A antiga estrela da indústria automóvel, Carlos Ghosn, estava em prisão domiciliária, sob forte vigilância, no Japão, mas conseguiu fugir para o Líbano, onde realizou, esta quarta-feira, uma conferência de imprensa.

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Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan, justificou esta quarta-feira a espetacular fuga para o Líbano no final do ano passado, afirmando que foi tratado de forma muito violenta pelas autoridades japonesas e que a sua família estava a ser alvo de ameaças.

“Não estou aqui para me vitimizar, mas para revelar um sistema que viola princípios básicos de respeito pelos direitos humanos e para limpar o meu nome. Nunca devia ter sido preso”. começou por dizer o multimilionário, em conferência de imprensa.

A antiga estrela da indústria automóvel está a ser acusada, no Japão, de vários crimes relacionados com corrupção e má gestão financeira, e estava em prisão domiciliária, como medida de coação.

Apesar de estar vigiado por um forte sistema de segurança, Ghosn conseguiu escapar do país na véspera de Ano Novo, tendo deixado as autoridades japonesas perplexas.

A MTV Lebanon, uma estação televisiva libanesa, avançou que o multimilionário tinha fugido da sua residência, no Japão, com a colaboração de um grupo paramilitar que se disfarçou de banda musical e que o transportou dentro de uma caixa de instrumentos.

Apesar de esta versão se ter espalhado rapidamente, a mulher de Ghosn afirmou à agência Reuters que estes relatos eram apenas “ficção”, mas recusou revelar mais detalhes.

Na conferência de imprensa, que durou mais de uma hora, Ghosn apresentou diversos documentos e gráficos que sustentam a sua defesa.

“Agora, vou poder falar com factos e dados, e espero que assim possam descobrir a verdade, não como tem sido travestida pelos que me estão a acusar e pelas pessoas que estão a apoiar estas acusações. Pela primeira vez desde que este pesadelo começou, posso defender-me, falar livremente e responder às vossas perguntas", afirmou.

Mas apesar das explicações apresentadas, a defesa de Ghosn no Japão está mais difícil neste momento.

O advogado japonês, Junichiro Hironaka, disse no sábado que ele e a sua equipa iriam de desistir de defender o milionário, assim que conseguissem entrar em contacto.

Para além disso, as autoridades têm se esforçado para descobrir como Ghosn conseguiu fugir, o que irá agravar as acusações de que já é alvo.

Até agora, a polícia já descobriu que dois aviões de uma empresa turca foram usados ilegalmente para transportar o milionário, sem conhecimento da administração da empresa.

O Japão está a tentar encontrar uma via que permita trazer o milionário de volta para o país, mas tendo em conta que não têm acordo de extradição com o Líbano e que o Ghosn tem nacionalidade libanesa (para além de brasileira e francesa) é difícil que tal suceda.

Entretanto, o Ministério Público do Líbano, na sequência do “alerta vermelho” lançado pela Interpol, decidiu ouvir Carlos Ghosn esta quinta-feira, de acordo com a agência de notícias libanesa.

Carlos Ghosn foi preso, pela primeira vez, em novembro de 2018 e, desde então, tem enfrentado uma série de acusações. Na sequência destas suspeitas, foi demitido dos cargos que ocupava na Nissan e na Mitsubishi Motors e após ser preso, em novembro de 2018, renunciou à Renault.

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