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ONU

Até 400 milhões de pessoas poderão ser deslocadas pela subida do nível do mar

14 fev, 2023 - 23:43 • Lusa

Csaba Korosi levantou ainda questões de soberania territorial, indicando que a subida do nível do mar induzido pelas alterações climáticas também está a provocar novas questões legais que estão no cerne da identidade nacional.

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O ritmo atual de subida do nível do mar levará entre 250 e 400 milhões de pessoas a precisarem "de novas casas, em novos locais" em menos de 80 anos, alertou esta terça-feira o presidente da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Num debate aberto de nível ministerial sobre o aumento do nível do mar e as suas implicações para a paz e segurança internacional, no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), Csaba Korosi citou dados do Programa Mundial de Investigação Climática que dão conta de um aumento do nível do mar de 1 a 1,6 metros até 2100.

Korosi frisou que o deslocamento de centenas de milhões de pessoas associado a esse aumento, representará um risco à segurança internacional.

Csaba Korosi levantou ainda questões de soberania territorial, indicando que a subida do nível do mar induzido pelas alterações climáticas também está a provocar novas questões legais que estão no cerne da identidade nacional.

"O que acontece com a soberania de uma nação, ou membro da ONU, se ela afundar no mar? Existem regras sobre a criação de Estados, mas nenhuma sobre seu desaparecimento físico. Quem cuida das populações deslocadas? Ou como as primeiras mudanças nas linhas costeiras influenciariam as fronteiras marítimas? E como isso afetaria as zonas económicas exclusivas?", questionou o presidente da Assembleia-Geral da ONU.

"Com boa parte da agricultura global concentrada em planícies costeiras e ilhas baixas, o aumento do nível do mar também está a trazer à tona questões de longo prazo sobre a sobrevivência da humanidade", observou ainda o diplomata húngaro.

Apesar de salientar que a Comissão de Direito Internacional e o Sexto Comité da Assembleia-Geral assumiram uma postura proativa ao considerar essas questões para debate urgente, Korosi pediu uma maior ação climática.

"Conhecemos os riscos e vemos as incertezas e instabilidades que vamos enfrentar. E não podemos duvidar que isso abrirá as portas para conflitos e disputas, colocando em risco a paz e a segurança globais. E onde esta porta estiver aberta, este Conselho tem a responsabilidade de agir", disse ainda, dirigindo-se ao Conselho de Segurança da ONU, responsável por zelar pela paz e segurança internacionais.

É fundamental investir na prevenção hoje, em vez de abordar as implicações da escassez de alimentos ou da migração amanhã, sublinhou ainda Korosi.

"Já temos crises suficientes para lidar. (...) Imploro ao Conselho que assuma o seu papel nesse esforço coletivo. Se não, temo que a Assembleia-Geral da ONU em 2050 represente menos de 193 Estados-Membros", concluiu, aludindo a um eventual desaparecimento de Estados devido à subida do nível do mar.

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