04 jan, 2025 - 10:00 • André Rodrigues
Em 2025, a Europa “tem de investir e deixar de depender em absoluto dos Estados Unidos”, defende na Renascença o presidente da Associação Comercial do Porto.
No habitual espaço de comentário no programa ‘Manhã, Manhã’, Nuno Botelho sublinha que o continente europeu chega ao novo ano “numa encruzilhada muito grande”.
Exemplo disso, diz. “a crise franco-alemã, que pode fazer retardar a recuperação económica da Europa e a falta de decisão da União Europeia, que pode fazer com que a Europa perca o comboio”.
Mas, para Nuno Botelho, a soma de desafios torna-se ainda mais complexa “se juntarmos a isso, a questão das guerras existentes, nomeadamente da guerra da Ucrânia”.
Para o empresário e jurista, as lideranças europeias devem dar ouvidos a Donald Trump que, a partir de 20 de janeiro, reentra na Casa Branca para mais um mandato que reduz ao mínimo as certezas do compromisso norte-americano com a relação transatlântica.
Botelho diz que só há um caminho: “contribuir para a NATO de forma mais evidente e os orçamentos nacionais europeus têm de atuar em conformidade”, cumprindo a imposição reiterada por Trump de que os aliados estão obrigados a aplicar 2% do PIB em gastos com Defesa.
A par com esse cenário, Nuno Botelho aponta a necessidade de “melhoria da produtividade e da competitividade, dando folga à ortodoxia regulamentar e ambiental”, tal como está inscrito no chamado Plano Draghi para a reindustrialização da Europa.
"Há que concretizá-lo, porque é o antídoto para a Europa apanhar o comboio do desenvolvimento e do século XXI”, assinala.
Das ondas de choque da vitória de Trump nos EUA às(...)
Política para uma imigração regulada. “Portugal vai continuar a precisar muito de imigrantes, porque o saldo migratório positivo tem compensado a gravíssima crise de natalidade. Mas também porque precisamos de mão-de-obra em setores fundamentais da nossa economia. É fundamental que esta imigração seja feita em condições de legalidade, mas também de muita dignidade. Portugal tinha uma lei que, na minha opinião, era a mais permissiva da Europa e o novo Governo lançou em junho um novo quadro regulamentar que deixa cair um pouco essa questão, nomeadamente a questão da manifestação de interesse”.
Insegurança em 2024. “Ocorreram vários episódios graves, quer na Grande Lisboa, quer no Grande Porto e, infelizmente, este tema foi muito instrumentalizado por forças populistas, como o Chega e o Bloco de Esquerda. É um tema demasiado sério para ser agitado dessa maneira e é preciso bom senso e equilíbrio nesta discussão. Portugal é e continua a ser um país seguro, mas tem de conter algumas ameaças e evitar retrocessos. É preciso alterar alguma lei, é preciso ser mais coerciva, contra o crime organizado, contra o tráfico de droga e contra a violência doméstica, que é outro flagelo. Fingir que estes problemas não existem, ou enterrar a cabeça na areia, é o maior favor que se pode fazer ao populismo”.