07 jan, 2025 - 13:46 • Marta Pedreira Mixão
A Meta anunciou que vai realizar várias mudanças que vão afetar a forma como as publicações, vídeos e outros conteúdos são moderados.
Uma das alterações anunciadas é o ajuste das respetivas políticas de revisão de conteúdos no Facebook e no Instagram, acabando assim com o programa de "fact checking", anunciou o diretor executivo da Meta, Mark Zuckerberg, esta terça-feira.
"Vamos acabar com os 'fact checkers' e substituí-los por notas da comunidade, semelhantes ao X, começando nos EUA", anunciou o diretor executivo, considerando que é "altura de voltar às raízes em torno da liberdade de expressão".
Desta forma, o "fact checking" realizado por terceiros vai ser substituído por "notas da comunidade", baseando-se nas contribuições dos utilizadores para contextualizar as publicações nas respetivas plataformas, semelhante ao que acontece na rede social "X" de Elon Musk.
"Os verificadores de factos têm sido demasiado tendenciosos do ponto de vista político e têm destruído mais confiança do que a que criaram, especialmente nos Estados Unidos", justificou Zuckerberg.
"O que começou como um movimento para ser mais inclusivo tem sido cada vez mais usado para fechar opiniões e excluir pessoas com ideias diferentes, e isso foi longe demais", disse.
Este novo modelo estará disponível no Threads, Facebook e Instagram ainda este ano e, à medida que for sendo implementado, a atual estrutura de verificação de factos será gradualmente eliminada.
"A realidade é que isto é uma troca", argumentou. "Isto significa que vamos 'apanhar' menos coisas más, mas também vamos reduzir o número de publicações e contas de pessoas inocentes que acidentalmente cancelamos".
Entre as mudanças que se avizinham, a Meta vai transferir a sua equipa de "confiança e segurança" da Califórnia, geralmente mais progressista, para o Texas, um estado culturalmente mais conservador.
O anúncio surge numa altura em que os eleitores republicanos e o proprietário da rede social rival X, Elon Musk, se têm queixado repetidamente dos programas de verificação de factos, comparando-os a programas de censura.
"Isto vai ajudar-nos a criar a confiança de que necessitamos para fazer o nosso trabalho com menos preocupações de parcialidade entre as nossas equipas", explicou Zuckerberg.
"As recentes eleições também parecem ser um ponto de viragem cultural no sentido de voltar a dar prioridade ao discurso", afirmou Zuckerberg.
Desde 2016, a Meta tem trabalhado com dezenas de empresas em todo o mundo para monitorizar a desinformação no Facebook.
Aliás, o "fact checking" tinha sido instituído para reduzir a propagação de desinformação nestas redes sociais e a sua implementação ocorreu pouco depois da eleição de Trump, altura em que o Facebook foi criticado por não conseguir conter o fluxo de desinformação.
De acordo com o ABC, esta decisão de Zuckerberg dá-se depois do seu recente encontro com Trump no clube privado do presidente eleito, Mar-a-Lago, na Florida.
Esta recente ação pode ser vista como um reposicionamento da empresa perante a presidência de Trump.
Joel Kaplan, o recém-empossado chefe de política global da Meta, afirmou em comunicado que a empresa queria "desfazer o recuo de missão que tornou as regras muito restritivas e muito propensas a uma aplicação excessiva".