10 jan, 2025 - 09:01 • Redação
O antigo Presidente do Uruguai Pepe Mujica (2010-2015) revelou que decidiu não continuar os tratamentos a que estava a ser submetido desde abril de 2024 devido a um cancro.
"O cancro no meu esófago está a espalhar-se para o meu fígado. Não consigo detê-lo com nada. Porquê? Porque sou um homem velho e tenho duas doenças crónicas. Não posso fazer nem tratamentos bioquímicos nem uma cirurgia, porque o meu corpo não aguenta", disse Mujica numa entrevista ao jornal "Búsqueda".
Aos 89 anos, o político, que se tornou uma figura histórica pelo modo simples e carismático de liderar o país, pede que o deixem descansar nestes últimos momentos da sua vida e declarou que não quer mais dar entrevistas: "O meu ciclo acabou. Sinceramente, estou a morrer. E o guerreiro tem direito ao seu descanso."
O último ato político de Mujica foi em novembro de 2024, quando apoiou o seu sucessor da Frente Ampla, Yamandú Orsi, nas eleições uruguaias que resultaram na vitória da esquerda.
Mujica foi guerrilheiro, preso e torturado durante 14 anos, mas o que mais marcou a sua vida foi o seu modo de viver. Para muitos, é um exemplo de que é possível fazer política sem se corromper.
Durante o seu mandato como chefe de Estado, optou por não viver no palácio presidencial e continuou a morar com a mulher, Lucía Topolansky, numa pequena quinta perto de Montevidéu, onde cultiva flores e hortaliças.
Com o anti-consumismo como bandeira, o Presidente doava grande parte do seu salário a programas sociais, ficando apenas com o necessário para a sua sobrevivência.
Este tipo de comportamento inspirou diversos livros,filmes e documentários, como "Pepe Mujica: Simplesmente humano" e "Os sonhos do Pepe: Movimento 2052".
O último pedido de Pepe Mujica é que o enterrem no quintal de casa, ao lado da sua cadela Manuela, sob uma árvore que ele próprio plantou.