15 jan, 2025 - 19:17 • Daniela Espírito Santo
"Hoje é realmente uma boa tarde", declarou o Presidente dos EUA. Perante uma plateia de jornalistas, na Casa Branca, Joe Biden confirmou aquilo que já se desenhava há algumas horas: foi alcançado um acordo entre o Hamas e Israel esta quarta-feira. Um acordo "finalmente conseguido" depois de ter sido "desenhado em maio" e depois de "mais de 15 meses de conflito".
"Mais de 15 meses depois de ter começado o conflito com o brutal massacre do Hezbollah, mais de 15 meses de terror para os reféns, as suas famílias e os israelitas, mais de 15 meses de sofrimento para os inocentes de Gaza", começou por dizer Biden, assegurando que, agora, "a luta em Gaza vai parar e, brevemente, os reféns poderão voltar às suas casas e às suas famílias".
"Os elementos deste acordo foram desenhados em maio e apoiados por diversos países de todo o mundo. Está estruturado em três fases, sendo que a primeira durará seis meses e inclui um cessar-fogo completo", confirmou o Presidente norte-americano, replicando as explicações dadas minutos antes pelo primeiro-ministro do Qatar, mediador das negociações. O acordo inclui a libertação de reféns, sendo que os primeiros a serem recuperados serão "mulheres, idosos e feridos".
"Orgulho-me de anunciar que norte-americanos serão também libertados nesta primeira fase. Mal podemos esperar para lhes dar as boas-vindas a casa", adianta Biden.
Em troca, Israel vai "libertar centenas de prisioneiros palestinianos", numa primeira fase em que, garante o Presidente dos EUA, os palestinianos deslocados "poderão regressar aos seus bairros em todas as áreas de Gaza" e os esforços humanitários serão reforçados.
"Durante as próximas seis semanas Israel irá negociar os detalhes para a fase 2, que representa um fim permanente da guerra. Deixem-me voltar a dizê-lo: é o fim permanente da guerra", diz.
"Há muitos detalhes a negociar para passarmos da fase 1 para a fase 2, mas o plano diz que, se as negociações demorarem mais de seis semanas, o cessar-fogo continuará enquanto as negociações continuarem", assegura Biden, que falou com os restantes países negociadores para garantir que todos estarão alerta durante este processo. Nesta segunda fase serão libertados os restantes reféns, "incluindo soldados homens", e "todas as forças israelitas sairão de Gaza". É aí que o "cessar-fogo temporário se torna permanente".
Os corpos de reféns mortos só serão devolvidos na fase 3 do acordo, adianta Biden. É também nesta altura que um "grande plano de reconstrução de Gaza" vai ser colocado em prática. "Foi este o acordo que apresentei na primavera. Hoje, o Hamas e Israel concordaram com ele, mas o caminho para aqui chegar não foi fácil", desabafa.
"Sem sítio para onde se virar, o Hamas finalmente aceitou libertar reféns. Não havia outra forma desta guerra terminar do que com o acordo de libertação de reféns e estou profundamente satisfeito com o facto deste dia ter finalmente chegado", diz Biden, que deixou uma palavra de alento para as famílias dos reféns israelitas e para os palestinianos, que "enfrentaram o inferno".
"Demasiados inocentes morreram, demasiadas comunidades foram destruídas. Com este acordo, as pessoas de Gaza podem finalmente recuperar e reconstruir", espera.
"Trabalhei em política externa durante décadas e posso dizer que este foi uma das negociações mais difíceis que vivenciei. Chegamos a este ponto graças à pressão que Israel exerceu sobre o Hamas, com o apoio dos EUA", salientou, detalhando todos os esforços do país para chegar a esta conclusão. Confrontado mais tarde pelos jornalistas se este seria um acordo de Donald Trump, Biden só respondeu: "Isso é uma piada?"
"Este acordo foi orientado pela minha administração, mas vai ser implementado pela próxima. Nos últimos dias temos falado como uma só equipa", assegurou, mesmo assim, Biden, salientando que "é isso que os Presidentes fazem".
Para trás, deixa o legado. "Enquanto me preparo para abandonar o cargo, os nossos amigos estão fortes e os nossos inimigos estão fracos e há oportunidades genuínas para um futuro novo" em locais como o Líbano, a Síria e a Palestina. "Entregamos à próxima administração uma oportunidade real para um futuro melhor no Médio Oriente. Espero que a aproveitem".
[Notícia atualizada às 20h08 de 15 de janeiro de 2025 para acrescentar mais detalhes do discurso de Joe Biden]