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Moçambique

Mondlane manda matar um polícia por "cada elemento da população assassinado"

18 jan, 2025 - 01:19 • Ricardo Vieira, com Lusa

O político exige 25 medidas às autoridades moçambicanas para os próximos três meses, ameaçando retomar manifestações e protestos nas ruas "de forma mais intensa", caso não sejam implementadas.

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O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane defendeu, esta sexta-feira, que um polícia seja morto por cada manifestante que falecer nos protestos pós-eleitorais em Moçambique.

"Lei do Talião. Dente por dente, olho por olho. Toma lá, dá cá. Cada elemento da população assassinado por um elemento da UIR [Unidade de Intervenção Rápida da Polícia] automaticamente paga-se pela mesma moeda. Esse elemento da UIR também é varrido da existência, vai para o inferno", apelou o líder da oposição moçambicana, durante um direto na rede social Facebook, que exige o fim da violência das forças de segurança contra a população, que apelida de "genocídio".

Mondlane acusa as Forças de Defesa e Segurança de raptar, assassinar e enterrar pessoas em "valas comuns" por serem consideradas membros da oposição, seus apoiantes.

Exige 25 medidas às autoridades moçambicanas para os próximos três meses, ameaçando retomar manifestações e protestos nas ruas "de forma mais intensa", caso não sejam implementadas.

"Caso estas medidas não sejam implementadas, caso não se cumpra com estas medidas, a qualquer momento, antes dos 100 dias, vamos retomar as manifestações de rua e de forma muito mais intensa", declarou Venâncio Mondlane, ao intervir em direto através da sua conta oficial na rede social Facebook.

Venâncio Mondlane concorreu ao cargo de Presidente da República nas eleições gerais de 9 de outubro, em que Daniel Chapo foi declarado vencedor, tendo tomado posse como chefe de Estado em 15 de janeiro, resultado que o político da oposição não reconhece.

O líder da oposição exige a libertação "incondicional" dos mais de 4.000 detidos durante as manifestações pós-eleitorais no país, bem como o tratamento médico e medicamentoso aos feridos nestes protestos e o pagamento de uma indemnização de pelo menos 200 mil meticais (3.000 euros) às famílias que viram os seus familiares mortos durante protestos.

Outra medida colocada pelo político é a extensão do não pagamento de portagens por mais 100 dias: "E as portagens que estão nas estradas esburacadas e em más condições devem ser removidas e só voltaremos a pagar quando as estradas forem reabilitadas".

"Acabar de vez com as cobranças ilícitas na função pública", acrescentou o candidato presidencial, exigindo também a isenção do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) em produtos básicos.

Venâncio Mondlane apontou ainda a redução da tarifa de eletricidade em 50% e a suspensão de exploração de madeira para exportação, exigindo igualmente ao novo executivo uma linha de financiamento de 500 milhões de dólares (485,5 milhões de euros) para apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME) afetadas durante as manifestações de contestação dos resultados eleitorais.

Desde 21 de outubro, quando começou a contestação ao processo em torno das eleições gerais de 09 de outubro, o registo da plataforma eleitoral Decide contabiliza 633 pessoas baleadas, além de 314 mortos e pelo menos 4.228 detidos.

Em 23 de dezembro, Daniel Chapo, de 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional (CC) como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, nas eleições gerais, que incluíram legislativas e para assembleias provinciais, que a Frelimo também venceu.

A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane - que segundo o CC obteve apenas 24% dos votos, mas que reclama vitória - a exigirem a "reposição da verdade eleitoral", com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.

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  • ramtamplam
    18 jan, 2025 Lisboa 08:00
    Falta acrescentar no texto da noticia que a Missão de Observação Eleitoral da UE identificou irregularidades e alterações injustificadas nos resultados das eleições em Moçambique

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