19 jan, 2025 - 08:47 • Beatriz Pereira com Reuters e Lusa
O TikTok deixou de funcionar este sábado nos Estados Unidos, após o Supremo Tribunal decidir manter uma lei aprovada pelo Congresso que obriga a aplicação a desvincular-se da empresa-mãe, a chinesa ByteDance, ou a enfrentar o encerramento.
A plataforma de partilha de vídeos curtos, com 170 milhões de utilizadores nos EUA, enviou a muitos deles um aviso com a seguinte mensagem: "Desculpe, o TikTok não está disponível neste momento".
Além disso, na mensagem podia ler-se que a justificação para a suspensão das operações estava relacionada com a legislação promovida pelo Congresso.
"Uma lei a proibir o TikTok foi promulgada nos EUA. Infelizmente, isso significa que não pode usar o TikTok por agora. Temos a sorte de o presidente Trump ter dito que vai trabalhar connosco numa solução para restabelecer o TikTok quando assumir o cargo. Por favor, fiquem ligados", pode ler-se na informação que aparece agora nos ecrãs dos telemóveis dos americanos.
O presidente eleito Donald Trump já tinha informado que "muito provavelmente" daria ao TikTok uma suspensão de 90 dias da proibição após assumir o cargo, a acontecer na segunda-feira, dia 20.
O TikTok desapareceu também das lojas de aplicações da Apple e do Google.
De acordo com a administração do Presidente cessante, Joe Biden, o TikTok tomou a decisão por iniciativa própria.
Na sequência da decisão do Supremo Tribunal, a Casa Branca anunciou que o atual Executivo não faria cumprir a lei, deixando portanto a aplicação desta para o Presidente eleito, Donald Trump.
O TikTok luta há meses contra esta lei, aprovada pelo Congresso norte-americano em março, em nome da segurança nacional.
O Supremo Tribunal dos Estados Unidos recusou-se a suspendê-la, selando o destino da rede social no país, a menos que haja uma intervenção de última hora.
O CEO do TikTok , Shou Zi Chew, planeia comparecer à tomada de posse presidencial dos EUA e a um comício com Trump este domingo, informou a Reuters.
Mesmo que temporário, o encerramento sem precedentes do TikTok, de propriedade da ByteDance da China, deve ter um impacto nas relações dos EUA com a China, na política interna dos EUA, no mercado de redes sociais e ainda em milhões de americanos que dependem do TikTok económica e culturalmente.
Os Estados Unidos nunca baniram uma grande plataforma de redes sociais. A lei aprovada pela maioria esmagadora do Congresso dá agora à nova administração de Trump a ampla autoridade para banir ou vender outras aplicações de propriedade chinesa.
Outras plataformas de propriedade da ByteDance, incluindo a aplicação de edição de vídeo CapCut e a aplicação Lemon8, também ficaram offline e indisponíveis nas lojas de aplicações dos EUA no sábado à noite.
O TikTok, que cativou quase metade dos americanos, impulsionou pequenas empresas e moldou a cultura online.
A incerteza sobre o futuro da aplicação fez com que os utilizadores — principalmente os mais jovens — corressem para outras alternativas, incluindo o RedNote, sediado na China.
Minutos após o encerramento do TikTok nos EUA, outros utilizadores recorreram ao X, anteriormente chamado de Twitter.
"Eu realmente não pensei que eles fechassem o TikTok. Agora estou triste e sinto falta dos amigos que fiz por lá. Espero que tudo volte em apenas alguns dias", escreveram os utilizadores.
O ex-proprietário do Los Angeles Dodgers, Frank McCourt, e Elon Musk (embora a empresa tenha negado), expressaram interesse no negócio, que analistas estimam que pode valer até 50 mil milhões de dólares (cerca de 48 mil milhões de euros).
A ByteDance, de capital fechado, é cerca de 60% de propriedade de investidores institucionais como a BlackRock e General Atlantic, enquanto os seus fundadores e funcionários possuem 20% cada. A empresa tem mais de sete mil funcionários nos EUA.