19 jan, 2025 - 09:15 • Redação com Reuters
O cessar-fogo acordado entre Israel e o Hamas entrou em vigor às 9h15 deste domingo, de acordo com o anúncio feito pelo gabinete do primeiro-ministro israelita. O cessar-fogo estava previsto para as 6h30 (horas locais).
O atraso de quase três horas ficou a dever-se à não entrega atempada da lista de reféns a libertar pelo Hamas.
O grupo islâmico reconheceu o atraso justificando-o com razões técnicas e logísticas no terreno, reafirmando o seu comprometimento com as tréguas.
Doron, Domi e Emily são os nomes das três primeiras reféns que o Hamas vai libertar nas próximas horas, a partir das 16h locais (14h em Portugal). Trata-se de três mulheres com idades entre os 24 e os 31 anos que fazem a lista que Israel esperava.
Na rede social X, Israel partilhou uma imagem que mostra o rosto dos 33 reféns e com a mensagem: "Esperamos por vocês".
O Hamas disse que Israel deve entregar uma lista com os nomes de 90 prisioneiros palestinianos que serão libertados este domingo em troca das três reféns.
O grupo islâmico disse que os prisioneiros, que serão libertados neste primeiro dia do cessar-fogo na guerra de 15 meses em Gaza, incluíam mulheres e crianças.
O atraso da entrada em vigor da trégua levou a confrontos. Israel assumiu ter atacado alvos terroristas e os serviços médicos palestinianos falam em pelo menos 13 mortos.
No entanto, de acordo o jornal New York Times, que cita Mahmoud Basal, porta-voz da Defesa Civil da Palestina, pelo menos 19 pessoas foram mortas e mais de 30 pessoas ficaram feridas. No entanto, não foi ainda possível confirmar o número.
Nenhum outro ataque foi relatado depois do acordo ter entrado em vigor às 11h15 (horas locais).
A previsão para o cessar-fogo apontava para seis semanas de tréguas na primeira fase, com 33 reféns israelitas a sair do cativeiro do Hamas e, em troca, mais de 1.900 prisioneiros palestinianos libertados.
Anunciado na quarta-feira pelos mediadores, o tão aguardado acordo de cessar-fogo visa, segundo o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani, conduzir a prazo a “um fim definitivo da guerra”.
A guerra começou depois de o Hamas, que controla o pequeno território costeiro, ter atacado Israel a 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, de acordo com autoridades israelitas.
A resposta de Israel reduziu grande parte de Gaza a escombros e matou quase 47.000 palestinianos, de acordo com autoridades de saúde de Gaza.
A guerra também desencadeou um confronto em todo o Médio Oriente.
Entretanto, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, e dois outros ministros do seu partido apresentaram a sua demissão devido ao acordo do cessar-fogo.
Cerca de 200 caminhões de entrega de ajuda humanitária, incluindo 20 que transportam combustível, começaram a chegar à passagem de Kerem Shalom controlada por Israel antes da entrada na Faixa de Gaza, disseram duas fontes egípcias à agência Reuters.
Os camiões estão a utilizar o ponto de entrada de Kerem Shalom enquanto decorrem trabalhos de manutenção e reparação na passagem de Rafah, que liga o sul da Faixa de Gaza ao Egito, dizem aquelas fontes.
Milhares de palestinianos saíram às ruas de Gaza quando o cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrou em vigor esta manhã de domingo.
Alguns saíram para comemorar, enquanto outros saíram para visitar os túmulos de familiares. Há ainda milhares de deslocados que começam a voltar para casa.
"Sinto que finalmente encontrei água para beber depois de me perder no deserto durante 15 meses. Sinto-me viva novamente", disse Aya, uma mulher deslocada da Cidade de Gaza, que está abrigada em Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, há mais de um ano.
"O pesadelo de morte e fome acabou", sublinhou. No entanto, a mulher diz que "a vida não vai melhorar por causa da destruição e das perdas que sofremos".
Combatentes armados do Hamas atravessaram a cidade de Khan Younis, no sul do país, com multidões a aplaudir e a cantar.
Ahmed Abu Ayham, 40 anos, deslocado com sua família da Cidade de Gaza e abrigado em Khan Younis, disse que a cena de destruição na sua cidade natal era "terrível", acrescentando que, embora o cessar-fogo possa ter poupado vidas, não era hora para comemorações.
"Estamos com dor, uma dor profunda, e é hora de nos abraçarmos e chorarmos", disse.
[notícia atualizada às 11h43]