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“Trump vira as costas à transição energética”, diz Zero

21 jan, 2025 - 02:54 • Marisa Gonçalves

Francisco Ferreira diz que "não deu ainda para perceber o contraste entre aquilo que é a promoção dos veículos elétricos, da parte de Musk, com a visão que Trump defende de uma cada vez maior exploração de petróleo e gás natural".

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O presidente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, considera que a intenção manifestada por Donald Trump de reforçar a exploração de petróleo e em voltar a sair do Acordo de Paris representa “um virar completo de costas a uma transição energética”.

Em declarações à Renascença, o fundador da associação lamenta as anunciadas medidas relacionadas com uma maior aposta nos combustíveis fósseis, considerando que vão contribuir para um retrocesso no cumprimento das metas ambientais, à escala global.

“Os Estados Unidos tiveram um verão marcado por catástrofes brutais na costa leste, com tornados e furacões. Agora, na costa oeste ocorreram incêndios com prejuízos enormes em Los Angeles, de milhões de dólares, que foram ampliados pelas alterações climáticas, no país de quem agora quer, como Presidente, fazer uma reversão das políticas ambientais”, aponta.

Francisco Ferreira antecipa alguma contestação dessas medidas na justiça norte-americana, mas sublinha que quanto ao Acordo de Paris, nada poderá emendar essa decisão da Casa Branca.

“Vão ser processos contestados, e que no passado tiveram êxito. Já se sabe que várias organizações ambientais vão usar os tribunais para procurar impedir a reversão de algumas das decisões que estão agora em causa. Já quanto ao Acordo de Paris, nenhum tribunal poderá fazer a revogação da ordem executiva de Trump. A nova formulação do acordo tem esta fragilidade enorme, é que depende apenas de uma ordem executiva de um presidente”, sustenta.

O fundador da Zero entende que é preciso esperar para perceber melhor a orientação das políticas ambientais da nova administração Trump, que conta agora com a colaboração do multimilionário Elon Musk, dono da fabricante de carros elétricos Tesla, numa altura em que o recém empossado Presidente norte-americano pretende acabar com os incentivos à compra de carros elétricos.

“Vai levar tempo para perceber esta esquizofrenia dentro da administração [Trump]. Não deu ainda para perceber o contraste entre aquilo que é a promoção dos veículos elétricos e a energia renovável, da parte de Musk, com a visão que Trump defende de uma cada vez maior exploração de petróleo e gás natural”, afirma.

Francisco Ferreira lembra que os Estados Unidos “são o país, no caso das alterações climáticas, com a maior responsabilidade histórica pelas emissões de gases de com efeito de estufa acumuladas, já desde a Revolução Industrial”.

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