23 jan, 2025 - 19:11 • Redação
Uma equipa de investigadores descobriu algo que pode alterar o que sabemos sobre a formação da Lua. De acordo com o estudo realizado na Universidade de Göttingen e no Instituto Max Planck de Investigação do Sistema Solar (MPS), a Lua não se formou a partir de uma colisão entre a proto-Terra e Theia – um corpo do tamanho de Marte –, mas sim a partir de uma parte ejetada do nosso próprio planeta.
A pesquisa, publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), indica que, na verdade, a Lua ter-se-ia formado com uma contribuição mínima do protoplaneta Theia, ao contrário do que se pensava anteriormente.
Atualmente, os cientistas acreditam que muitos planetas se formaram a partir da aglutinação de grãos de areia que giravam no espaço. Isso teria ocorrido com a Lua, quando Theia colidiu com a Terra, gerando detritos que se uniram para formar o satélite.
Partindo de um método avançado de "fluoração a laser", que permite libertar o oxigénio das rochas por meio de um laser, os novos estudos mostram que a semelhança entre os átomos de oxigénio da Terra e da Lua, é o que reforça a hipótese deste satélite natural ter formado-se a partir de material da Terra e não de Theia.
Segundo o professor Andreas Pack, diretor do Centro de Geociências da Universidade de Göttingen, isso tem uma explicação nas colisões anteriores: “Uma explicação é que Theia perdeu o seu manto rochoso em colisões anteriores e depois embateu na Terra primitiva como uma bala de canhão metálica.”
O estudo também traz novidades sobre a origem da água na Terra. Os dados indicam que a água pode ter estado presente na Terra desde seus estágios iniciais. Sugerem ainda que meteoritos conhecidos como "condritos enstatite", que são isotopicamente semelhantes à Terra, e que contêm água, podem ser os responsáveis por trazer a água ao nosso planeta.
Meike Fischer, explica que os dados obtidos refutam a ideia de que a água foi adicionada à Terra exclusivamente por impactos tardios, indicando uma origem mais antiga, possivelmente ligada à própria formação da Terra.
“Os nossos dados podem ser explicados particularmente bem por uma classe de meteoritos chamada ‘condritos enstatite’: são isotopicamente semelhantes à Terra e contêm água suficiente para serem os únicos responsáveis pela água da Terra”, afirma.