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Guerra na Ucrânia

Ricardo Ferreira Reis: "Trump pressiona Putin e indicia um alinhamento com Biden”

23 jan, 2025 - 02:18 • Marisa Gonçalves

O especialista em assuntos internacionais Ricardo Ferreira Reis entende que o novo Presidente norte-americano está a forçar o regresso às negociações para a paz. Rússia diz que “tem de avaliar qual é o acordo proposto” por Donald Trump.

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O novo Presidente dos EUA ameaçou a Rússia com a possibilidade de "impor elevados níveis de impostos, tarifas e sanções", se não chegar de imediato a acordo com a Ucrânia.

Numa mensagem publicada na rede social Truth Social, de que é proprietário, Donald Trump escreveu que é altura de pôr fim à guerra, que apelidou de "ridícula". Ao mesmo tempo, faz um apelo direto a Vladimir Putin, para que seja alcançado um entendimento e para que "não sejam perdidas mais vidas".

Na análise do especialista em assuntos internacionais Ricardo Ferreira Reis, esta posição de Donald Trump significa uma pressão sobre Vladimir Putin para que sejam retomadas as negociações, com o objetivo de colocar um ponto final na guerra.

“Numa altura em que poderia pensar-se que Trump iria forçar os dois lados a encontrarem-se, ele opta por colocar a pressão do lado de Moscovo. É também uma ilustração de que o discurso de Trump é mais suave em relação a Zelensky e aos ucranianos do que em relação a Putin e à Rússia. Portanto, indicia um alinhamento de Trump com a política que tem vindo a ser seguida até agora pela administração Biden, ou seja, uma certa continuidade”, diz à Renascença.

Ricardo Ferreira Reis entende ainda que o novo Presidente norte-americano pretende intensificar a retórica das tarifas, com o intuito apostar numa guerra comercial, em detrimento de um conflito armado.

“Mais do que usar o exército e as forças armadas, há uma guerra comercial que se pode fazer em alternativa a um conflito armado. Portanto, é a adoção dessa retórica que ele tem ameaçado mesmo com aliados. Ou seja, para ele tanto faz, são aliados na parte militar, mas podem ser inimigos na parte comercial”, aponta.

No âmbito da guerra comercial com o bloco europeu, nomeadamente no que toca ao mercado do gás, o analista sublinha que o líder norte-americano continuará a ser favorável à aplicação de sanções à Rússia.

É do interesse de Trump vender o gás liquefeito à Europa, nesse sentido, as sanções à Rússia são algo em que ele tem todo o interesse que continue. Caso contrário, a Europa vira-se, de novo, para o fornecimento de gás da Rússia. A antecipo que isso também seja coerente com esta ideia que ele tem de que vai resolver os problemas da América, pondo os europeus a pagar pelo gás americano”, refere.

Numa reação à posição de Trump sobre o conflito na Ucrânia, o representante permanente adjunto da Rússia nas Nações Unidas, Dmitry Polyansky, afirmou que Moscovo “tem de avaliar qual é o acordo proposto” pelo Presidente dos Estados Unidos.

"Não é meramente a questão de acabar com a guerra. É antes de tudo a questão de abordar as causas da crise ucraniana", disse Polyansky.

“Trump não é responsável pelo que os Estados Unidos têm feito na Ucrânia desde 2014, tornando-a ‘anti-Rússia’ e preparando-a para uma guerra connosco, mas está em seu poder agora parar essa política maliciosa", acrescentou o diplomata russo.

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  • A ver navios
    23 jan, 2025 é como a Rússia arrisca ficar 11:32
    Se a Rússia está à espera do reconhecimento das anexações, da saída do exército ucraniano das 4 regiões que considera "suas" - e que diga-se de passagem após 3 anos de guerra só domina uma e nem sequer na totalidade - do desarmamento do exército ucraniano e da não entrada da Ucrânia na NATO e de preferência também não na UE, espere deitada para não arranjar calos. Receava-se que Trump fizesse isso, mas alguém lhe deve ter dito" calma aí Sr. Presidente: a Rússia é que é nossa inimiga, a Ucrânia pode vir a ser uma das melhores aliadas que temos na Europa". E com isso, a Rússia ficou a ver navios.

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