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Crise sísmica no Mar Egeu. Mais de 10 mil pessoas já deixaram a ilha grega de Santorini

05 fev, 2025 - 08:36 • João Cunha

Série interminável de terremotos está na origem do êxodo. Desde o passado sábado até ontem, ocorreram mais de 50 tremores de terra com magnitude 4 na escala de Richter ou superior, assim como sete centenas de outros abalos de menor intensidade.

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Os sismos sucedem-se em Santorini. Só esta manhã, entre as 6h00 e as 7h00, registaram-se seis sismos num período de cerca de meia hora. Dois dos abalos atingiram 4 graus na escala de Richter. A região em causa, as ilhas Cíclades, têm sido palco de significativas crises sísmicas no passado recente.

Luís Matias, investigador sénior no Instituto D. Luiz e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sublinha que foi o reforço de observação sísmica na região, depois dessas crises, que permite emitir alertas como os que agora levam a população residente e turistas a abandonar a ilha.

"Entre 1994 e 2002, houve mais de mil eventos sísmicos com a magnitude máxima próxima de 5."

Em 2011/2012, houve uma outra crise sísmica, com sismos com a mesma intensidade. Na sequência dessa crise sísmica, houve um reforço da observação sísmica na região, de forma a permitir a emissão de alertas, em caso de suspeita de erupção ou um sismo significativo na região"

No terreno, por esta altura, os sismólogos vão fazendo o que podem para tranquilizar as pessoas de que os sucessivos sismos não têm nada a ver com o famoso vulcão da ilha, que fica submerso e que, por volta de 1600 a.C., produziu uma das erupções mais violentas já testemunhadas por humanos. E um segundo vulcão entrou em erupção nas proximidades em 1650.

Luiz Matias acredita, tal como os seus colegas gregos, que é o movimento de falhas tectónicas que pode vir a estar na origem de uma erupção - e não o contrário.

"Os vulcões nesta região estão associados à acrividade das falhas, cujo movimento pode facilitar a movimentação do magma e o desencadear de uma erupção vulcânica. Mas as autoridades não estão ainda a considerar essa posibilidade como iminente. O que indicia que, provavelmente, os eventos sísmicos que estão a ser analisados não indicam essa preparação de uma erupção vulcânica", explica o sismólogo.

Seja como for, para além dos efeitos normais de um sismo de grande intensidade, como destruição de edificios, a Ilha de Santorini tem características orográficas que podem provocar outros problemas.

"Com vertentes muito acentuadas, e com sismos que provoquem vibração mais acentuada, há sempre perigo de um deslizamento de terras poder provocar um tsunami", revela Luiz Matias, que sublinha, contudo, que esse tsunami "será sempre mais limitado que um tsunami gerado diretamente pelo sismo".

Em Julho de 1956, dois abalos, de magnitude 7,7 e 7.2 atingiram esta região grega. Ambos desencadearam na ilha de Amorgos um deslize de terras para o mar que provocou um tsunami que atingiu 30 metros de altura. Na altura morreram 53 pessoas.

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