10 fev, 2025 - 10:50 • Teresa Almeida , João Malheiro
O diretor da ADRA Europa avisa que os Estados Unidos da América (EUA) retirarem o apoio a organizações não-governamentais (ONGs) pode levar a um retrocesso humanitário que fará com que mais pessoas necessitarem de ajuda.
Donald Trump proibiu a saída de dinheiro para as ONGs, mesmo as que têm ainda contratos em vigor. Uma das organizações atingidas é, precisamente, a ADRA Europa, que aponta que a medida pode afetar milhões de pessoas em África, Médio Oriente e Ucrânia, entre outros locais.
"Vai fazer com que muita gente entre na pobreza extrema, muita gente venha a perder mesmo a sua vida e venha a ter mais doenças do que aquelas que tinha antes de isto acontecer", conta João Martins, diretor da ADRA Europa, à Renascença.
Os EUA eram, até ao momento, o maior doador para a ajuda humanitária e "o grande medo" é que "todos estes progressos que foram feitos possam diminuir e regredir, e que o número de pessoas que têm necessidades possa aumentar substancialmente", indica o responsável da ADRA Europa.
João Martins indica que a decisão de Trump vai afetar apoios nas áreas da Saúde materna, infantil e reprodutiva, projetos de apoio alimentar e distribuição de vacinas.
"Visam as pessoas que estão em maior necessidade, que foram vítimas de algum tipo de catástrofe ou desastre. Do ponto de vista da ajuda humanitária, é uma medida que é calamitosa para o setor", reitera.
"É uma fatia muito grande que desaparece de um momento para o outro e que vai causar uma enorme disrupção naquilo que está a acontecer a nível do nosso trabalho", acrescenta, ainda.
Agora, a União Europeia passará a ser a principal fonte de finacimaneto, mas "não pode compensar tudo o que foi retirado, porque são valores exorbitantes". A solução pode passar por uma mobilização da sociedade civil "sobretudo nos Estados Unidos".