Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Ciências

Mulheres na Ciência. Quem são as premiadas com Nobel nos últimos 10 anos?

11 fev, 2025 - 14:11 • Redação

Além de Marie Curie, que mulher lhe vem à cabeça quando falamos do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Preparamos uma lista cheia delas.

A+ / A-

Para cada menina que um dia sonhou em ser cientista há uma mulher referência à frente do seu tempo. As Nações Unidas comemoram, esta terça-feira, pelo 10.º ano o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.

Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, “a falta de representação feminina, especialmente em campos como inteligência artificial, contribui para tecnologias tendenciosas e perpetua a desigualdade”.

Em homenagem à data, o site oficial do Prémio Nobel recorda mulheres cientistas que, com as suas descobertas, contribuíram para o desenvolvimento da humanidade.

Nos últimos 10 anos, nove mulheres foram premiadas em categorias ligadas à ciência, como física, química ou medicina. Mas os seus nomes e feitos muitas vezes não são conhecidos. Para isso preparamos uma lista com todas elas.

Tu Youyou, Nobel da Medicina (2015)

As doenças podem ser um momento de tristeza e desespero, mas para a chinesa Tu Youyou foram um ponto de viragem na sua vida. Aos 16 anos, contraiu tuberculose, o que a motivou a escolher a investigação médica como a sua missão de vida.

Recebeu um Prémio Nobel, ao lado de Satoshi Ōmura e William Campbell, pela sua luta contra a malária, estudou a bioquímica da erva Artemisia annua e como os princípios ativos da planta, já reconhecidos pela medicina tradicional, eram eficazes no tratamento da malária.

Donna Strickland, Nobel da Física (2018)

A canadiana Donna Strickland foi a terceira mulher a receber este título e a primeira do século XXI. Juntamente com Gérard Mourou, desenvolveu um novo método denominado “amplificador de pulso chipado”, que revolucionou a produção de lasers ultracurtos e de alta intensidade.

A técnica permite a amplificação de pulsos de laser ultracurtos e de alta intensidade. Essa técnica tem inúmeras aplicações, incluindo em tratamentos médicos, como a cirurgia ocular (LASIK), e em processos industriais.

Antes de Strickland, apenas a renomada cientista Marie Curie, em 1903, e Maria Goeppert-Mayer, em 1963, receberam o prémio na área da Física.

Frances Arnold, Nobel da Química (2018)

Frances H. Arnold é uma engenheira química e bioquímica norte-americana, conhecida pelo seu trabalho pioneiro em evolução dirigida de enzimas, sendo a primeira mulher a ganhar sozinha o Prémio Nobel da Química.

O seu trabalho revolucionário permitiu o desenvolvimento de enzimas usadas em aplicações industriais e médicas, como a produção de biocombustíveis, produtos farmacêuticos e químicos sustentáveis.

A evolução dirigida é um método inspirado na seleção natural, onde mutações são introduzidas em enzimas, e as versões mais eficientes são selecionadas para aperfeiçoamento contínuo.

Andrea Ghez, Nobel de Física (2020)

A astrónoma e professora norte-americana, Andrea Ghez, é conhecida pelas investigações sobre o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea. Recebeu o Nobeljuntamente com Reinhard Genzel e Roger Penrose, pelas suas descobertas.

Ghez usou telescópios poderosos e técnicas avançadas de ótica adaptativa para observar o movimento das estrelas ao redor do centro da galáxia. As suas medições demonstraram a presença de um objeto extremamente massivo e compacto, identificado como um buraco negro supermassivo, chamado Sagittarius A*.

Charpentier e Doudna, Nobel da Química (2020)

As cientistas Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna revolucionaram a biotecnologia ao desenvolverem o sistema CRISPR-Cas9, uma ferramenta inovadora para edição de genes. Foram as primeiras mulheres a ganharem em conjunto o Prémio Nobel da Química, em 2020.

Charpentier, microbiologista e geneticista francesa, estudava os mecanismos de defesa das bactérias contra vírus quando descobriu uma molécula essencial para o sistema CRISPR-Cas9.

Doudna, bioquímica americana, ajudou a entender como essa ferramenta poderia ser utilizada para cortar e editar DNA com precisão. Juntas, mostraram como o CRISPR-Cas9 funciona como uma "tesoura genética", permitindo a modificação controlada do material genético de organismos vivos.

Carolyn Bertozzi, Nobel da Química (2022)

Carolyn Bertozzi é uma cientista nas áreas da química e biologia. A sua investigação centra-se nas alterações da glicosilação (processo bioquímico de adição de açúcares a moléculas) da superfície celular em doenças como o cancro, a inflamação e a infeção bacteriana. Com essa informação, desenvolve abordagens terapêuticas, recentemente trabalhando na área da imuno-oncologia.

Bertozzi recebeu o Nobel juntamente com Morten Meldal e K. Barry Sharpless, pelas suas contribuições à química do "click chemistry" e ao desenvolvimento de reações que podem ser usadas para estudar biomoléculas de maneira mais eficiente. Suas pesquisas abriram caminho o desenvolvimento de tecnologias para rastrear processos biológicos em tempo real.

Katalin Karikó, Nobel da Medicina (2023)

Katalin Karikó é uma bioquímica húngara que se dedicou ao estudo de tecnologia de mRNA e as vacinas de covid-19. O mRNA é o "mensageiro" responsável por levar a informação do ADN do núcleo até ao citoplasma.

Karikó venceu o prémio com Drew Weissman, com quem trabalhava há 15 anos numa forma de modificar os mensageiros de RNA e de desenvolver uma técnica que permitisse entregar estes mensageiros em nanopartículas de lípidos. Este trabalho permite que os mRNA chegue à parte do corpo doente e inicia uma resposta do sistema imunitário para combater a doença.

Esta descoberta permitiu que o mRNA fosse usado nas vacinas contra a covid-19 de uma forma segura, eficaz e prática. Ao contrário de outras vacinas, estas não contêm o vírus ou parte dele. As vacinas utilizam o código genético do antigénio que é traduzido em mRNA e permite executar ou modificar o que vem inscrito no ADN e coordenar a produção de proteínas que serão uma resposta de ataque contra o vírus.

Anne L’Huillier Nobel da Física (2023)

Anne L’Huillier é uma física francesa que se dedica à teoria física e à física experimental. O seu trabalho assenta no estudo de pulsos de luz que duram dezenas ou centenas de attosegundos (unidade de tempo igual a um quintilionésimo de segundo ou de um mil milhão de um mil milhão de um segundo) que permite estudar os movimentos dos eletrões. Os eletrões movem-se em átomos e moléculas em escalas temporais de attosegundos.

Este trabalho teve os seu início no anos 80 com o estudo de átomos de gases nobres que tinham sido ionizados para perderem todos os seu elétrons. A cientista e os seus colaboradores utilizaram um laser de infravermelhos para perceberem a geração de harmonicos elevados nos átomos desses gases. Com as suas descobertas, conseguiu mais tarde explicar a geração de harmónicos elevados utilizando a mecanica quantíca.

Em 2024, nenhuma mulher recebeu o Nobel nestas áreas. O vencedor de 2025 é conhecido apenas no final do ano, em 10 de dezembro. Até lá, muitas meninas e mulheres podem descobrir sua paixão pelas ciências e torcer pela sua favorita.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+