11 fev, 2025 - 19:48 • Diogo Camilo
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, avisou esta terça-feira que a Europa é incapaz de assegurar a segurança do país, caso os EUA retirem o seu apoio com Donald Trump aos comandos, e não descarta a troca de territórios conquistados com a Rússia.
Numa entrevista ao The Guardian, o chefe de Estado ucraniano disse estar pronto para trocar os territórios que o exército da Ucrânia controla na região russa de Kursk, em troca de territórios ucranianos que a Rússia está a ocupar.
"Vamos trocar um pelo outro", refere, não especificando que territórios ucranianos irá pedir de volta. "Não sei, vamos ver. Todos os territórios são importantes, não há uma prioridade."
A Rússia ocupa atualmente cerca de 20% do território a leste e sul da Ucrânia, depois de uma ofensiva lançada a 24 de fevereiro de 2022.
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Numa ofensiva supresa há cerca de seis meses, a Ucrânia conseguiu o controlo de parte da região russa de Kursk, apesar do seu território ter sido reduzido nas últimas semanas.
Na mesma entrevista, Zelensky refere que a Europa não conseguiria sozinha garantir a segurança da Ucrânia, sem a ajuda dos Estados Unidos. "Há vozes que dizem que a Europa poderia dar garantias de segurança sem os norte-americanos e eu digo sempre que não. As garantias de segurança sem os Estados Unidos não são verdadeiras garantias de segurança", defendeu.
Guerra na Ucrânia
Donald Trump disse ue poderá tomar em breve medida(...)
Donald Trump, recém-eleito presidente dos EUA, tem vindo a anunciar a sua intenção em terminar a guerra na Ucrânia e Zelensky mostra-se disposto a negociar, desde que a Ucrânia esteja "numa posição de poder".
Numa entrevista divulgada esta segunda-feira à Fox News, Trump deu a entender que, em troca de ajuda à Ucrânia, quer ter acesso prioritário a minerais de "terras raras" num país com as maiores reservas de urânio e titânio da Europa.
Zelensky responde agora na sua entrevista ao The Guardian, usando a guerra no seu país como trunfo e afirmando que "não é do interesse dos Estados Unidos" que estes minerais acabem nas mãos da Rússia e sejam partilhados com países como a China, Irão ou Coreia do Norte.
"Não estamos a falar apenas de segurança, estamos a falar de dinheiro. São recursos naturais valiosos, com os quais podemos oferecer aos nossos parceiros possibilidades que não existiam antes para investirem. Para nós, vai criar empregos e para as empresas norte-americanas vai criar lucros", justificou.
O presidente ucraniano refere que "ainda não há data" para um possível encontro com Trump, embora as equipas dos dois chefes de Estado estejam a trabalhar para acertar um encontro.